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É preciso dedicar ao Cerrado a mesma atenção que é dada ao Bioma Amazônico

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"O DF está localizado dentro do bioma Cerrado, que já foi o segundo maior do País." - Foto: Flávia Quirino
A não-preservação do Cerrado impacta nos biomas do continente e do mundo

No dia 15 de setembro, promovemos Sessão Solene na Câmara Legislativa do DF em homenagem ao Programa Parque Educador, iniciativa viabilizada pela parceria entre o Brasília Ambiental, Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Educação em prol da Educação Ambiental para alunos da Rede Pública.

A partir de visitas à rede de parques da região, os jovens têm acesso à Educação Ambiental de forma prática. A iniciativa é bem-sucedida por oferecer a oportunidade de vivenciar experiências além da realidade de concreto e asfalto existente em boa parte das cidades e ambientes escolares. Além disso, conhecer parques gera sentimento de integração com as comunidades, o que reforça o senso de importância desses espaços e a sensação de pertencimento.

A iniciativa também se mostra essencial para que as novas gerações tenham a consciência da importância do Cerrado e colaborem nos esforços por sua preservação. É uma etapa importante em um esforço contínuo que exigirá colaboração de toda sociedade diante dos desafios que se anunciam.

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O DF está localizado dentro do bioma Cerrado, que já foi o segundo maior do País. Atualmente, especula-se que metade da área original foi devastada para a expansão agrícola e atividades de extrativismo mineral. A ocupação desenfreada e não planejada oferece riscos à rica biodiversidade do bioma e vem provocando consequências no clima que já podem ser constatadas, como a onda de calor dos últimos dias, e não apresentam indícios de arrefecimento no curto prazo.

A Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal lançou em 2021 o Estudo de Projeções de Mudanças do Clima para a Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno. As projeções indicam, já para um futuro próximo, o aumento de dias e noites quentes, redução de precipitações nos períodos chuvosos, aumento de chuvas mais intensas, redução da umidade relativa do ar e aumento dos períodos de estiagem.


 

Recentemente, tivemos uma prova dessas projeções. Em maio de 2022, toda a região enfrentou uma onda de frio extrema fora de época, com temperaturas alcançando 1º na Ponte Alta do Gama. E em setembro de 2023, encaramos uma onda de calor que causou temperaturas acima de 35º com umidade relativa do ar abaixo dos 20%. E cabe recordar que já enfrentamos uma crise hídrica em 2018 e que as projeções sugerem que o racionamento pode vir a se tornar parte incômoda de nossas rotinas.

Berço das Águas

A Bacia Hidrográfica do Cerrado é responsável por originar oito das doze principais bacias hidrográficas do Brasil. Os rios provenientes destas nascentes distribuem sementes, saciam a sede de animais silvestre e comunidades ribeirinhas, além das grandes cidades. No entanto, estudos indicam perda de cerca de 15% de vazão das águas nos últimos 30 anos. A expansão territorial desordenada do Cerrado pode vir a implicar em crise de abastecimento hídrico para o Cone Sul.

O Estudo coloca no papel aquilo que a comunidade científica tem alertado nas últimas décadas. E passou da hora de essa ser uma preocupação exclusiva dos cientistas.

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É necessário que toda a sociedade se engaje em medidas de conservação do bioma. Não é mais tempo de dourar a pílula: essas consequências já estão afetando as populações mais vulneráveis. Precisamos de medidas mais enérgicas com foco em salvaguardar a biodiversidade e, consequentemente, qualidade de vida para as gerações atual e futura.

No parlamento, temos engajado em discussões focadas no direito à cidade no fortalecimento de modais de transporte não dependentes de combustíveis fósseis. Mas ainda é pouco.

Precisamos dedicar ao Cerrado a mesma preocupação governamental que é dada ao Bioma Amazônico.

O Meio Ambiente é uma entidade complexa e depende do equilíbrio para o pleno funcionamento. A não-preservação do Cerrado impacta nos biomas do continente e do mundo.

De minha parte, pretendo levantar esse debate na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e conclamar para que outros agentes políticos se juntem à essa luta por marcos pelo Cerrado. É preciso ouvir a comunidade científica, aprofundar as discussões e viabilizar medidas legais para a ocupação do solo e preservação do Bioma Cerrado. É preciso tirar o Meio Ambiente de uma mera pasta governamental e colocá-lo no centro da sociedade.

O Mandato da Esperança se coloca como instrumento da sociedade na luta pela preservação ambiental. Nosso Gabinete está sempre aberto para ouvir e agir pelo Meio Ambiente. Contem conosco nessa luta.

*Gabriel Magno é professor da rede pública, deputado distrital e presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura da CLDF.

 

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa  a linha do editorial  do jornal Brasil de Fato - DF.

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Edição: Márcia Silva