Distrito Federal

LUTA INDÍGENA

Brasília recebe 19ª edição do Acampamento Terra Livre; confira programação

Atividade reúne mais de 200 povos indígenas de todo o país; demarcação é pauta principal

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Considerada a maior mobilização indígena do país, ATL traz como tema principal:“O Futuro Indígena é hoje. Sem demarcação não há democracia!”. - Edgar Kanaykõ/ Cobertura colaborativa – Apib

As organizações indígenas que compõem a Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (Apib) realizam a partir desta segunda-feira (24) o 19° Acampamento Terra Livre (ATL) com o lema “O Futuro Indígena é hoje. Sem demarcação não há democracia!”. O evento acontece, na Praça da Cidadania, Setor Cultural Norte, em Brasília até sexta-feira (28) e irá abordar o enfrentamento das violências, do racismo, das emergências climáticas, mortes e invasões aos territórios das populações indígenas e as demarcações das terras Indígenas.

A pauta das demarcações foi tema do ATL de 2022 e retoma novamente como um assunto emergencial neste ano, já que de acordo com levantamento feito pelo Governo Federal nos primeiros meses de sua atuação, 11 das 13 terras apontadas para homologação contava com a presença de conflitos, ameaças, invasões, danos à saúde e degradações socioambientais.

Dados da Apib, em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) de 2022, apontam que no Brasil 29% do território ao redor das terras indígenas está desmatado, enquanto dentro das mesmas o desmatamento é de apenas 2%.

“Historicamente os territórios dos povos originários são saqueados e destruídos. No entanto, a falta de fiscalização, de punição e todo o discurso de ódio incentivado pelo Governo Federal nos últimos quatro anos foi determinante para o aumento de conflitos, principalmente em áreas onde há espera pela homologação”, comenta Kleber Karipuna, coordenador executivo da Apib.

A expectativa é reunir mais de 6 mil indígenas na Praça da Cidadania, próximo ao Teatro Nacional. No ano passado, o Acampamento Terra Livre (ATL) reuniu mais de 8 mil lideranças de 200 povos indígenas.

Programação

A programação do ATL 2023 foi construída pela Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), pela Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), pela Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste), Comissão Guarani Yvyrupa, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho do Povo Terena e Assembleeia Geral do Povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu).

Dinamam Tuxá, da coordenação executiva da Apib, ressaltou a importância da agenda dos povos indígenas na política durante a abertura do Acampamento nesta segunda (26).

:: 'Queremos propor o futuro e ele está na demarcação de terras', diz liderança indígena da Apib ::

“Os povos indígenas estão clamando por socorro e têm anunciado isso constantemente, tanto aqui no Brasil como fora do Brasil e no dia 26, na quarta-feira, nós vamos decretar emergência climática. Isso é para sinalizar e alertar o mundo mais uma vez da importância que os povos indígenas têm no combate às mudanças climáticas, no aquecimento global. E colocar a agenda dos povos indígenas na centralidade de toda e qualquer política dentro e fora do estado brasileiro. Os povos indígenas já têm demonstrado, já tem apontado, já tem alertado que o mundo vai entrar em colapso e já está entrando em colapso", afirmou.

A programação do evento conta com três marchas, a primeira que acontece nesta segunda (24) e seguirá até o Congresso Nacional contra os PLs Anti-Indígenas. A segunda acontece na quarta (26), às 16h30, com o tema “Povos Indígenas decretam emergência climática” e a terceira na quinta (27), às 16h, com o tema “Marcha pela Terra: Movimentos Sociais em defesa da democracia”. No mesmo dia, às 19 horas, acontece uma vígilia em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Marco Temporal. A programação também é composta por plenárias de debates e apresentações culturais.

A programação completa pode ser acessada no site da Apib.

Como apoiar?

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Edição: Flávia Quirino