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GDF quer despejar mulheres que estão revitalizando imóvel abandonado há mais de uma década

Ocupação tem o objetivo de acolher vítimas de violência doméstica

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ocupação nasceu em um prédio abandonado há mais de 10 anos, que foi limpo e revitalizado pelo Movimento, recuperando sua função social. - Foto: Nayá Tawane e comunicação Movimento Olga Benário

A Administração Regional do Guará, no Distrito Federal, entregou nesta terça-feira (25) uma notificação extrajudicial exigindo a desocupação imediata de um imóvel público na QE 25, localizado próximo à estação Feira do Metrô-DF. O imóvel estava abandonado há mais de 10 anos pelo poder público e foi ocupado pelo Movimento de Mulheres Olga Benário para ser transformado em um espaço de acolhimento e apoio para mulheres em situação de violência doméstica. 

"Este imóvel, que estava desocupado há 12 anos, sem cumprir qualquer função social, a gente está abrindo para recepcionar mulheres em situação de violência doméstica, além de dar uma vida para esse lugar. Nós já recolhemos muito entulho e lixo, mas, mesmo assim, a Administração Regional do Guará veio aqui ameaçando uma ação coercitiva, à força, para que a gente saia daqui", denunciou Thaís Oliveira, coordenadora do espaço.

A ocupação, que á 13ª do Movimento Olga Benário no país, sendo a primeira no Centro-Oeste, foi batizada de Casa Ieda Santos Delgado, em homenagem à militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) durante a ditadura militar, estudante que se formou em ciências jurídicas e sociais pela Universidade de Brasília (UnB), em 1969. Devido à sua atuação política, que se iniciou ainda no movimento estudantil, foi presa pelo regime em abril de 1974, quando desapareceu. A Comissão Nacional da Verdade concluiu que Ieda foi torturada, morta e enterrada pelos militares.

:: Prédio abandonado é transformado em lugar de acolhimento para mulheres em situação de violência ::

Segundo as organizadoras da ocupação, o espaço surge no vácuo de assistência deixado pelo fechamento da Casa da Mulher Brasileira e da necessidade de acolher as vítimas de violência doméstica no DF. Semanalmente, a Casa Ieda deve contar com programação de oficinas culturais e práticas oferecidas por profissionais voluntários. Para esta semana, estavam programadas oficinas de yoga e técnicas de respiração, curso de criação de sites, exposição sobre saúde mental e capitalismo, além de um aulão de pré-Enem para as mulheres que realizarão a prova.

Com a ameaça de despejo, Thaís Oliveira pede que apoiadores da ocupação possam reforçar o apoio ao movimento, para impedir ação truculenta do poder público.

Saiba como contribuir com a Casa Ieda Santos Delgado

A ocupação recebe doações de itens de higiene pessoal, alimentos não perecíveis, colchões, roupas de cama, eletrodomésticos, entre outros (a lista de itens necessários está disponível no Instagram do movimento. Além disso, doações podem ser feitas via Pix, por meio da chave [email protected]. Neste mesmo email, você pode contribuir oferecendo seus serviços voluntários. 

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Edição: Flávia Quirino