Distrito Federal

Monkeypox

Varíola dos macacos: especialista esclarece mitos e boatos sobre a doença

Lentamente, casos da doença vêm crescendo no DF; são dez novas confirmações em quatro dias

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Bergmann Ribeiro é virologista e professor do Departamento de Biologia Celular da UnB - Ed Alves/CB/D.A Press

De maneira lenta, porém constante, os casos de varíola dos macacos (monkeypox) vêm aumentando no Distrito Federal semana a semana. Desde o último informe epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde (SES) na última quinta-feira (15), já são dez novos casos já no início desta semana.

Desse total, 241 são casos confirmados por testes realizados em laboratório; outros 14, são prováveis casos que continuam sendo monitorados pela SES.

O Brasil de Fato conversou com o professor do Departamento de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), Bergmann Morais Ribeiro. Ele explicou como o vírus que causa a doença é transmitido, os sintomas que ele causa e esclareceu mitos e boatos que circulam por aí.

Ribeiro conta que a monkeypox foi identificada pela primeira vez em uma colônia de macacos na Dinamarca, em 1958. Já o primeiro caso em humano foi diagnosticado em 1970 no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo.

“É uma doença endêmica daquela região e de tempos em tempos acontecia de pessoas que saíam da África em direção à Europa e Estados Unidos estarem infectadas com o vírus. Recentemente ele começou a se espalhar pelo mundo”, explica Ribeiro.

O especialista acrescenta ainda que a monkeypox é uma zoonose – “uma transferência de vírus de animal para humanos, sendo que o ser humano também pode transmitir para outras pessoas e animais”, inclui.

Contágio

A infecção se dá através do contato pessoal e prolongado com uma pessoa contaminada. “Essa doença causa lesões na pele que contêm o vírus. Se você tem contato muito próximo e prolongado com essa pessoa, você também vai contrair o vírus”, explica Ribeiro.

Além das lesões na pele, que podem aparecer inclusive nas regiões genitais, a doença causa febre, dores de cabeça, musculares e nas costas, fadiga e cansaço, e ínguas.

Mitos

O pesquisador esclarece um mito a respeito da necessidade de isolamento social para evitar o contágio. Apesar de a principal via de transmissão da monkeypox não ser a aérea, como acontece como a covid-19, por exemplo, a pessoa infectada deve evitar o contato com outras pessoas. “As vesículas na pele [feridas] duram até três semanas. Neste período a pessoa infectada pode transmitir o vírus, então é indispensável que ela fique isolada”, esclarece.

Outro boato é quanto à transmissão. O último informe epidemiológico da SES detalha que dos 255 infectados, 246 são homens e apenas 9 mulheres. Dados como esses levam o público a acreditar erroneamente que a transmissão só ocorre entre homens que têm contato com outros homens, principalmente relações sexuais.

Ribeiro afirma que a informação é falsa. “Não é somente pelo contato sexual que se contrai a doença, há também o contato pele a pele, seja por aperto de mão, abraço, você pode pegar essa doença através desse contato pessoal. Esse vírus pode ficar no ambiente também. Então, se a pessoa tem lesão e compartilha cama, toalha de banho e outros objetos, tudo isso vai estar infectado”.

A taxa de letalidade da monkeypox é baixa.

De acordo com o professor, a variante que está circulando no Brasil causa apenas 1% de mortes na África, onde é endêmica. “A monkeypox pode ser mais problemática para grávidas, crianças, idosos e pessoas com problema de defesa imunológica. Mas, de uma forma geral, ela não é uma doença mais letal que o coronavírus, por exemplo”, conclui.

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Edição: Flávia Quirino