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Gilberto Carvalho avalia que falta credibilidade à economia solidária no governo

Análise do secretário nacional de Economia Popular e Solidária foi feita durante encontro, em Brasília, neste domingo

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Gilberto Carvalho participou da 3º Conferência Temática de Educação Popular em Economia Solidária e Autogestão, que aconteceu no Centro de Estudo Sindical Rural (CESIR), em Brasília - Foto: Bianca Feifel

O secretário nacional de Economia Popular e Solidária, Gilberto Carvalho, avaliou que a economia solidária “nunca teve credibilidade real dentro do governo”, tendo em vista o baixo orçamento que a Secretaria recebe. A Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) foi recriada pelo governo Lula em 2023, dentro da estrutura do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No primeiro ano, recebeu um orçamento de R$ 2 milhões, e no segundo, de R$ 12 milhões, segundo o secretário. 

“Esta corrente que professamos e acreditamos, que é a corrente autogestionável, que é a democracia pela base, de acreditar que de fato a economia pode ser gerida de outro modo, por meio de cooperativas, associações e de tudo que entendemos por economia solidária, nunca teve credibilidade real dentro do nosso governo”, defendeu Carvalho. 

A avaliação foi feita durante o lançamento de edital para a formação de 500 agentes populares de economia solidária, em todo o território nacional. O documento será lançado no dia 19 deste mês. O anúncio foi feito neste domingo (10), durante a 3º Conferência Temática de Educação Popular em Economia Solidária e Autogestão, que ocorreu no Centro de Estudo Sindical Rural (CESIR), em Brasília. 

A ideia é que cada estado tenha uma Coordenação estadual de Economia Solidária, onde esses agentes vão atuar. “O que nós temos que fazer é uma abertura máxima da economia solidária, da nossa atividade, para podermos conseguir ampliar a nossas bases”, avaliou o secretário. 

A proposta é de que os Conselhos estaduais de Economia Solidária tenham representantes da sociedade civil e de redes de incubadoras de Universidades e de Institutos Federais, além dos agentes populares que serão formados pelo programa anunciado. O objetivo é fazer um diagnóstico mais preciso dos empreendimentos, associações e entidades ligadas à economia solidária e estimular a ampliação da mesma. 

O programa segue a ideia de territorialização da participação popular, que também tem sido feita com a formação de agentes populares nas áreas da saúde e da cultura. Outra proposta anunciada pelo secretário é a da criação de Centros de Estudo de Economia Popular. 

“Nós não temos tempo a perder, o adversário avançou”, avaliou Carvalho em referência à vitória expressiva de candidatos da direita e centro-direita nas eleições municipais deste ano. “E temos que ganhar o máximo de tempo com presença na nossa base. E nós contamos com vocês. Essa rede educadores é fundamental para que dentro dessas composições estaduais a gente tenha de fato um planejamento capaz de organizar a nossa presença no mundo da economia solidária”, afirmou. 

Eleições municipais

Além de abordar os desafios da economia solidária no Brasil, Gilberto Carvalho também falou sobre a conjuntura política atual e fez uma avaliação sobre as recentes eleições municipais: “Nos assustaram muito”. 

“Embora já houvesse expectativa para os seus resultados, por algumas razões que estavam dadas já, como a questão das emendas obrigatórias, as emendas do orçamento secreto, que inundaram a direita e a centro-direita de recursos”, analisou.

Para o secretário, o pleito municipal deste ano terá mais repercussão sobre as eleições futuras para o Congresso, do que propriamente sobre a eleição presidencial, já que os prefeitos eleitos estarão comprometidos com a reeleição dos deputados que os financiaram agora, por meio das emendas. 

“Hoje nós [esquerda] somos de novo a minoria dentro da sociedade, embora contraditoriamente de posse do aparelho do Estado”, avaliou Carvalho.

“Se esse governo repetir o mesmo formato dos governos passados, em que fomos mestres em ajudar a mudar a vida do povo, mas não trabalharmos no que importa, não trabalharmos a pedagogia, então se não for um governo pedagogo, um governo capaz de usar todos os instrumentos para impulsionar essa minoria, para voltar a ser maioria, nós estamos fatalmente condenados a ser novamente derrotados. E eles não vão precisar mais de golpe, porque eleitoralmente eles conseguirão nos vencer”, projetou o secretário.

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Edição: Rafaela Ferreira