Em julho, o custo da cesta básica em Brasília registrou uma redução de 6,04%, sendo uma das maiores quedas entre as 17 capitais do Brasil. Os dados foram revelados, nesta terça-feira (6), pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA), realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos (DIEESE).
Apesar da redução, a pesquisa revelou que, no mesmo período, o salário minímo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido R$ 6.802,88, ou seja, 4,82 vezes o mínimo de R$ 1.412,00.
O estudo também mostra que, em Brasília, a queda do valor da cesta básica foi acompanhada por uma leve retração de 0,63% no acumulado do ano, tornando a capital federal uma das poucas capitais a apresentar redução nos preços da cesta básica ao longo de 2024. Apesar dessa tendência de queda, a capital ainda manteve um custo elevado de R$ 694,31, representando 53,16% do salário mínimo líquido.
Segundo a PNCBA, Brasília ainda ficou atrás das capitais Aracaju, Recife e João Pessoa, onde o custo da cesta básica foi de R$ 524,28; R$ 548,43 e R$ 572,38, respectivamente. Já as cidades com as cestas mais caras foram: São Paulo (R$ 809,77), Florianópolis (R$ 782,73) e Porto Alegre (R$ 769,96).
A pesquisa ainda mostra que o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 105 horas e 08 minutos. Após desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em média, 51,66% do rendimento para adquirir os produtos em julho.
Itens da cesta básica
Mesmo com a redução no valor, nem todos os itens apresentaram redução de preços. O café em pó, por exemplo, sofreu um aumento expressivo de 12,97%, em Brasília, entre junho e julho, refletindo a menor oferta internacional e a desvalorização do real. Esse aumento contribuiu para a pressão inflacionária sobre os consumidores locais. Já o preço do pão francês teve uma queda de 2,26%, indo na contramão da tendência observada em outras capitais.
Outros produtos também seguiram a tendência de queda em Brasília. O preço da batata, por exemplo, diminuiu 12,01% no mesmo período, enquanto o tomate apresentou um aumento significativo em 12 meses, mas registrou uma leve diminuição em julho. Esses movimentos de preços refletem tanto as condições climáticas quanto as políticas econômicas que influenciam a oferta e a demanda dos produtos alimentícios.
Em termos comparativos, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica em Brasília foi de 108 horas e 11 minutos, um valor ainda elevado, mas menor do que em capitais como São Paulo e Florianópolis. Esses dados destacam a importância das políticas de controle de preços e de apoio aos consumidores em um cenário de instabilidade econômica.
Pesquisa Dieese
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) é um levantamento contínuo dos preços de um conjunto de produtos alimentícios considerados essenciais. A PNCBA foi implantada em São Paulo em 1959, a partir dos preços coletados para o cálculo do Índice de Custo de Vida (ICV) e, ao longo dos anos, foi ampliada para outras capitais. Hoje, é realizada em 17 Unidades da Federação e permite a comparação de custos dos principais alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.
Os itens básicos pesquisados foram definidos pelo Decreto Lei nº 399, de 30 de abril de 1938, que regulamentou o salário mínimo no Brasil e está vigente até os dias atuais. O Decreto determinou que a cesta de alimentos fosse composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta. Os bens e quantidades estipuladas foram diferenciados por região, de acordo com os hábitos alimentares locais.
O banco de dados da PNCBA apresenta os preços médios, o valor do conjunto dos produtos e a jornada de trabalho que um trabalhador precisa cumprir, em todas as capitais, para adquirir a cesta. Os dados permitem a todos os segmentos da sociedade conhecer, estudar e refletir sobre o valor da alimentação básica no país.
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Edição: Márcia Silva