A primeira Conferência Distrital de Unidades de Conservação do Distrito Federal foi realizada, nesta segunda (22), com objetivo de debater sobre os desafios e a gerências das Unidades de Conservação (UCs). O evento foi realizado pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), por meio da Superintendência de Unidades de Conservação (Sucon).
As UCs são espaços que garantem a preservação, utilização sustentável, restauração e a recuperação do ambiente natural. As unidades formam um banco genético, pois conservam a amostras de diferentes ecossistemas, segundo o Brasília Ambiental.
"São elas que mantém a preservação do meio ambiente e ajudam, principalmente, a evitar essa utilização indevida do solo. As unidades são consideradas pontos verdes de preservação da fauna e da flora, elas são pontos incrustados da nossa cidade", destaca a Superintendente de Fiscalização Ambiental do Ibram, Simone Moura Rosa.
Atualmente, o Brasília Ambiental tem, sob sua gestão, 82 UCs e uma Reserva do Patrimônio Natural (RPN). "Muita gente não sabe a quantidade de espaços que nós temos e que deveriam estar mais protegidos, eu assumo essa culpa. Mas o Brasília Ambiental, durante muitos anos, foi retirado cargos e foi trabalhado de outra forma", diz Rôney Neymer, presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), durante a mesa de abertura da conferência.
O evento também teve como proposta dialogar sobre o futuro das UCs do DF, fortalecer as redes de apoio à proteção ambiental, conhecer projetos inovadores para o uso público das UCs. Além de descobrir parcerias que garantem a preservação da biodiversidade, ficar por dentro das novas Instruções e Normativas do Brasília Ambiental.
Além da mesa de abertura, a primeira edição da conferência também contou com quatro momentos, realizados ao longo do dia na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Pela manhã, foi falado sobre a gestão das unidades de conservação e estrutura da Sucon. Já no período da tarde, foram destacados o uso público aliado à conservação e parceiros da biodiversidade.
Preservação do Cerrado
O promotor de Justiça do Meio Ambiente e Patrimônio Cultura, Roberto Carlos Batista, lembrou que, atualmente, o bioma Cerrado é o mais desmatado em todo Brasil. "O Cerrado que garante a produção e a perenidade das águas. É como se fosse uma floresta de cabeça para baixo. E o DF, em especial, tem tido um impacto enorme em razão das ocupações desordenadas, das legalizações dos empreendimentos urbanos, que começaram ilegais".
Em 2024, pela primeira vez, o Cerrado foi o bioma que apresentou o maior desmatamento, com um aumento de 67,7% em 2023, na comparação com o ano anterior e no DF este aumento foi de 612,5%, de acordo com o Relatório Anual de Desmatamento (RAD) do MapBiomas. Em 2022, foram 90 hectares de áreas desmatadas no DF, mas esse número subiu para 638 hectares em 2023.
Desmatamento no Distrito Federal aumenta 612% em 2023, aponta estudo do MapBiomas
Para o secretário do Meio Ambiente e Proteção Animal (Sema), Gutemberg Gomes, o Cerrado é uma "infinidade de biodiversidade". "As alterações climáticas estão cada vez mais presentes para nos alertar da necessidade de debatermos soluções para, efetivamente, preservar o nosso meio ambiente", afirma.
Durante o evento, também foram apresentados os projetos das diretorias regionais do instituto, entre elas está o Reconexão Cerrado, projeto de compensação ambiental. O objetivo é executar ações de recuperação, conservação e preservação ambiental em Unidades de Conservação, como apresentou os servidores do Ibram.
Segundo Ana Paula, medica veterinária, a proximidade das UCs das áreas urbanas trazem uma série de efeitos que podem afetar os mamíferos do Cerrado das áreas de conservação. "No DF, nos deparamos com a maior parte das áreas de conservação rodeados de áreas urbanas e propriedades rurais. Esse proximidade acaba favorecendo uma maior proximidade entre humanos, animais domésticos e animais silvestres. Isso gera uma série de conflitos, como até mesmo adaptação de agentes patogênico", apresenta a pesquisadora.
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Edição: Flávia Quirino