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A Falsa Metáfora e o Genocídio

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"As bombas que caem sobre Gaza todos os dias, há quatro meses, não distinguem ninguém." - SAID KHATIB
a guerra travada pelo Estado israelense na Faixa de Gaza é um genocídio contra a Palestina

No Museu Americano do Holocausto podemos ler a seguinte história: "Em 1944, Raphael Lemkin (1900-1959), um advogado judeu polonês, ao tentar encontrar palavras para descrever as políticas nazistas de assassinato sistemático, incluindo a destruição dos judeus europeus, criou um neologismo, a palavra "genocídio" - combinando a palavra grega geno-, tribo ou raça, com a palavra latina -cídio, assassinato ou morte dolosa.”

Lemkin definiu o genocídio como "um plano coordenado, com ações de vários tipos, que objetiva à destruição dos alicerces fundamentais da vida de grupos nacionais com o objetivo de aniquilá-los". A guerra em Gaza já dura mais de quatro meses, com 28 mil mortos, maioria mulheres e crianças. Duzentas palestinas e palestinos mortos por dia.

Queria perguntar aos 139 deputados que entraram com pedido de impeachment de Lula, por dizer a mais evidente verdade - que a guerra travada pelo Estado israelense na Faixa de Gaza é um genocídio contra a Palestina, por que vossas excelências não pedem o cessar-fogo na Faixa de Gaza?

Vossas excelências e os jornalistas da Grande Imprensa, que pedem a cabeça de Lula por dizer o óbvio, não sentem empatia pelas dezenas de milhares de palestinos mortos? Pelos milhares que ainda podem ser vítimas dessa guerra fascista de Netanyahu contra o povo palestino?

As bombas que caem sobre Gaza todos os dias, há quatro meses, não distinguem ninguém.

Em seu ensaio, Diante da Dor dos Outros, Susan Sontag escreve "Imagens que apresentam provas que contradizem devoções acalentadas são invariavelmente descartadas como encenações montadas para as câmeras. (...) Assim, o diretor de propaganda nacionalista de Franco afirmou que foram os bascos que destruíram Guernica em abril de 1937, pondo dinamite em seus esgotos".

Vossas excelências, diante da dor das famílias palestinas, que por conta da guerra não tem trabalho, não tem renda, não tem perspectiva, acham mesmo que o povo palestino merece a punição de fome e 80% de desemprego, por um grupo que não o representa?

Nem o terrorismo doméstico do Hamas destruiu tanto a Palestina. Aliás, nada destruiu tanto a Palestina quanto esse permanente estado de conflito contra o Estado de Sion, que já dura sete décadas e matou centenas de milhares de Palestinos desde 1948. Se o crescimento econômico de Gaza for o mesmo de 2007 a 2022, serão necessários mais 70 anos para que o território volte ao nível do PIB antes da guerra genocida travada por Netanyahu e sua banda fascistóide.

Mas há outra banda de judeus que corre na outra mão. Vossas excelências deveriam ouvir estes judeus que viveram o Holocausto e são inegociáveis contra a guerra e qualquer tentativa de genocídio de um povo, o povo palestino.

Deixo Vossas excelências com os versos de Yehuda Amichai, considerado o poeta nacional de Israel: "O diâmetro da bomba media trinta centímetros / e o diâmetro da destruição, cerca de sete metros / nele, quatro mortos e onze feridos. /(...)/ o homem solitário que chora pela morte da moça / no litoral de um país distante / inclui o mundo inteiro no círculo. /(...)/ ao som de palmas e guerras. / O olho volta-se para Sion e chora".

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*Diego Ruas é escritor, designer e engenheiro florestal.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Márcia Silva