Distrito Federal

Miss Jujuba

Bicicletada por Julieta reúne centenas em Brasília: “quero pedalar sem ninguém me matar”

Ato em homenagem à artista venezuelana foi realizado nesta sexta (12)

Brasil de Fato | Brasília |
Manifestação contou com um cortejo artístico que saiu da Rodoviária do Plano Piloto. - Foto: Luz Dorneles

“Eu quero pedalar sem ninguém me matar”, gritava um grupo de manifestantes que se deslocava da Rodoviária do Plano Piloto em direção à Biblioteca Nacional de Brasília na tarde desta sexta-feira, 12 de janeiro. 

A mobilização que reuniu centenas de pessoas é uma homenagem à artista Julieta Inés Hernández Martínez, a palhaça Miss Jujuba, venezuelana de 38 anos que foi morta em Presidente Figueiredo (AM), quando viajava de bicicleta em direção a seu país.

“Ela era uma artista e poderia ter sido qualquer uma de nós”, declarou Tina Carvalho, palhaça Marmota, do grupo Marmotagem&Cia, que ajudou na organização do ato.

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Tina conta que conheceu Julieta num festival de palhaços, em Taquaruçu (TO), em 2019. “Uma doce menina cheia de carisma”. 

Organizada por grupos de artistas do Distrito Federal e pelo grupo Bicicletada DF, a manifestação contou com um cortejo artístico que saiu da Rodoviária do Plano Piloto, seguido de apresentações artísticas no vão da Biblioteca Nacional e finalizou com uma bicicletada. 

Presente no ato, a multiartista venezuelana Aini Rubi Ávila Rodriguez, residente de Cavalcante (GO), na Chapada dos Veadeiros, conta que mora no Brasil há cinco anos e, assim como Julieta, também já viajou de bicicleta pelo país. 

“Penso em todas as vezes que gritei, que fiquei com medo e nenhum vizinho veio me salvar, me tornando apenas mais uma fofoca na semana”, disse, acrescentando que Julieta “com certeza gritou, brigou e ninguém falou nada”.

“A humanidade é decepcionante quando a gente fica calado”, declarou. 

Rubi afirmou ainda que já sentiu “aporofobia” na pele, preconceito que é caracterizado pela aversão à pessoas pobres, que já dormiu sem banho depois de pedalar por quilômetros e que sonha em morar em um mundo menos violento e com menos insegurança social. 

O Levante Feminista Contra o Feminicídio no DF também participou da homenagem. “Estamos honrando a vida de todas as mulheres que são assassinadas pelo simples fato de dizerem não a situações de violências, não ao estupro e a violação de seus corpos”, protestou a artista Rita Andrade, representando o grupo.

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A militante do Levante Feminista também disse que o grupo vem fazendo um trabalho junto ao estado exigindo que políticas públicas sejam implementadas “imediatamente”. “Queremos paralisar o empoderamento do machismo e da misoginia”, acrescentou.

No ano anterior, o DF registrou o assassinato de 35 mulheres, segundo dados Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Já na segunda semana de 2024, em 10 de janeiro, uma jovem de 26 anos foi morta no Setor Leste do Gama.


Ato seguiu com apresentações artísticas no vão da Biblioteca Nacional e finalizou com uma bicicletada. / Foto: Camila Araujo

Além de artistas e do grupo Bicicletada, também estiveram presentes representantes do Movimento Brasileiro de Mulheres, Movimento Passe Livre e do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

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Edição: Flávia Quirino