Distrito Federal

Sem anistia

Defesa da democracia é pauta central de ato em memória dos ataques golpistas

Mobilização foi realizada neste domingo (7) em Brasília

Brasil de Fato | Brasília |
Ato no Eixão reuniu representantes de movimentos sociais e populares do DF - Reprodução/Facebook

Manifestantes em defesa da Democracia realizaram na manhã deste domingo (7) um ato no Eixão Norte, Plano Piloto, em Brasília para lembrar o primeiro ano dos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.

“Não foi só uma revolta de alguns descontentes do fato que nós derrotamos o Bolsonaro nas urnas. A intenção na verdade era um projeto muito maior e mais danoso do que o estrago físico que foi feito. Os ataques do 8 de janeiro continuam. Persistem no Congresso Nacional, persistem junto à população mais vulnerável, que não têm água nem acesso à educação e à saúde. E isso é violentar a democracia também. Nós temos a população em situação crítica. Pessoas que estão morrendo, pessoas que estão perecendo”, destacou a vice-presidente do PT-DF, Rosilene Corrêa.

O “Ato em defesa da democracia - sem anistia para golpistas” reuniu representantes de organizações partidárias, movimentos sociais e populares, entre estes movimentos de mulheres, negros, LGBTQIAP+, movimento estudantil e defensores da causa palestina. A iniciativa partiu de um conjunto de organizações, como a Central Única dos Trabalhadores no DF (CUT-DF) e o Fórum de Oposição Permanente ao Governo Ibaneis.

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O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) cobrou punição ao topo da hierarquia de mentores dos ataques. “Queremos chegar no andar de cima do golpismo. Quem eram os agentes de Estado envolvidos nesse processo? Quem eram os mentores intelectuais desse processo que precisam ter julgamento? É intolerável que a nossa bandeira não seja prisão e julgamento para Bolsonaro esse ano”, ressaltou.

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Presidente do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Leandro Grass, ressaltou a necessidade de expandir o diálogo sobre democracia participativa e inclusiva como forma de educação política no cotidiano. “Temos muitas pessoas participando, mas pra cada um de nós que já estamos crentes e convencidos da importância da democracia, tem pelo menos 5 ou 10 pessoas que estão passando nas ruas agora e que precisam ser convencidas também. Nós temos uma média de quase 50% da população que mal sabe o nome do governador ou dos parlamentares. Está afastada completamente da discussão política. Precisamos sair das nossas casas, sair dos nossos comitês e ir às ruas, às igrejas e bairros”.

Ativistas da União Brasileira de Mulheres (UBM) também participaram do ato. Para a presidenta nacional da organização, Vanja Santos, o ato de fortalecimento da democracia está diretamente relacionada à luta da emancipação feminina porque não existe democracia sem a plena participação da mulher.

"Na falta de espaço democrático, são principalmente as mulheres as que mais sofrem as consequências mais pesadas. Somos nós as primeiras a perderem direitos. Todos os dados que nós temos em relação à atuação do governo passado, que atuou de forma tão antidemocrática, ele faz referência às mulheres negativamente. Nós estamos aqui, porque aconteceu ano passado, não se repita, para que a gente não reeleja no final do ano pessoas que possam trabalhar nesse enfraquecimento da democracia”, observou Vanja.

Geração de 68, em luta por democracia

Veteranos da luta contra os regimes autoritários no Brasil também participaram da mobilização, como o grupo Geração de 68, composta por ativistas da luta contra ditadura militar (1964-1985) e seu período mais violento, marcado pela publicação do Ato Institucional Nº 5 em dezembro de 1968.

Uma das representantes dessa geração é a professora aposentada Betty Almeida. Ela contou que no passado a luta contra a ditadura tinha outra característica, que era de enfrentamento da repressão direta. "Tínhamos às vezes que partir para a luta clandestina. E o perigo imediato com um projeto de extermínio dos opositores, muitos morreram ou desapareceram. Os que sobreviveram e atravessaram a luta nessa época, de 68 até o fim do regime, envelheceram, mas não abandonaram seus princípios e nem perderam disposição de lutar pela democracia", destacou.

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Ainda segundo Betty Almeida, o grupo foi formado a partir dos vários ataques à democracia desde o período de redemocratização no país. "Foi assim que se criou esse movimento de pessoas em todos país, que envelheceram no ritmo da luta e querem continuar elevando sua voz. Pela democracia e inclusive contra o imperialismo, por exemplo, como é o caso que vemos hoje em relação ao massacre do povo palestino e até contra o projeto neoliberal aqui no Brasil, como foi o que acabamos de ver com a privatização da rodoviária (do Plano Piloto)”.

Solidariedade

A mobilização também manifestou apoio em solidariedade ao padre Júlio Lancellotti e ao povo palestino. "O fascismo aqui no Brasil é parte de sustentação do Imperialismo executado pelos Estados Unidos, que, por sua vez, também sustenta o sionismo que mata o povo palestino", apontou Pedro César Batista, membro do Comitê em Solidariedade ao Povo Palestino, que realiza no sábado (13), um ato contra o massacre em Gaza.

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Edição: Flávia Quirino