Distrito Federal

Sem nomeações

Governo Ibaneis frustra aprovados em concursos da Saúde e Segurança Pública

Concursados da Polícia Civil esperam há 4 anos e hospitais enfrentam déficit de profissionais da Enfermagem

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ibaneis descumpre promessas de nomeações de concursados em 2024 - Marcelo Camargo

A gestão de Ibaneis Rocha (MDB) termina o 1º ano da sua segunda gestão frustrando as diversas categorias em relação à convocação dos aprovados em concursos. Além de não cumprir o acordo para convocação dos aprovados no concurso da Educação, outras áreas sensíveis no Distrito Federal como Segurança Pública e Saúde também devem terminar o ano sem as convocações anunciadas anteriormente e com muito menos servidores efetivos necessários para suprir as demandas de delegacias, hospitais e postos de saúde.

Os aprovados do concurso Polícia Civil do DF (PCDF), realizado em 2019, chegaram a fazer o curso de formação em maio deste ano. Apesar de previsão orçamentária para 900 nomeações, que ainda não ocorreram a expectativa é que apenas 300 sejam convocados este ano. Na área da Saúde chama atenção o concurso para Enfermeiros de 2022, que tinha uma previsão orçamentária para 600 nomeações que também ainda não ocorreram.

“O que estamos vendo no Distrito Federal é a degradação do serviço público, seja na Segurança, com falta de policiais na rua e nas delegacias. Também faltam médicos e enfermeiros efetivos nos hospitais e na Educação precisa chamar todo mundo e ainda assim vai continuar faltando gente”, avaliou o líder do PT na Câmara Legislativa, deputado Chico Vigilante (PT).

Ele lembrou que os deputados conseguiram aprovar emendas na Lei de Diretrizes Orçamentárias prevendo nomeações de servidores que foram vetadas por Ibaneis.

“O que falta é vontade política do governo em convocar. Todas as áreas estão com déficit de pessoal e servidores efetivos são fundamentais para o bom funcionamento do serviço público”, declarou Vigilante. Segundo ele, independente da previsão na LDO o governo poderia e deveria fazer as nomeações.

:: GDF descumpre acordo que pôs fim a greve dos professores e não vai nomear todos os aprovados ::

O Brasil de Fato DF entrou em contato com o GDF para comentar o motivo das nomeações previstas em 2023 não serem efetivadas e se ainda há previsão que ocorram. Em nota, o governo informou que por meio da Secretaria de Planejamento de 1 de janeiro a 19 de dezembro de 2023, foram feitas 6.554 nomeações de aprovados em diversos concursos públicos, sendo 1.667 para Saúde e 378 para Segurança Pública e que novas nomeações “estão em análise”.

Polícia Civil

O baiano Jefferson Aragão realizou o curso de formação da Polícia Civil em maio e se disse frustrado com a demora para as nomeações. “Foi um banho de água fria. Agora serão 300. Foi prometido as 900 nomeações em 2023 e não se cumpriu. Qual a garantia que essas 600 não serão apenas mais promessas”, disse Aragão que integra a comissão de aprovados no concurso. Eles foram comunicados, informalmente, que serão convocados 300 em dezembro e 600 em 2024. 


Aprovados no concurso da PCDF protestam na frente da CLDF / Brasil de Fato DF

Segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) a nomeação de apenas 300 pessoas não soluciona o problema grave de falta de policiais para o funcionamento regular das delegacias do Distrito Federal. “Terminar o ano com 300 nomeações está bem aquém do esperado, onde havia a previsão orçamentária para 900 agentes e escrivães de polícia”, avaliou o diretor de Comunicação do Sinpol, Talles Murilo.

O diretor do Sinpol lembra que a falta de pessoal nas delegacias acaba refletindo diretamente na população, que tem visto o DF disparar no número de feminicídios, por exemplo. “Falta policiais inclusive para realizar as diligências preliminares, acompanhar a vítima em sua residência. Essa ausência reflete na sensação de impunidade dos agressores, que se encorajam e voltam a praticar os crimes, cada vez mais violentos, até que se chega ao feminicídio”, explicou Murilo. 

Profissionais da Enfermagem

A enfermeira Natália Oliveira foi aprovada no concurso de 2022 e passou todo este ano na expectativa de ser nomeada, uma vez que o governo chegou a anunciar que convocará mais de 600 enfermeiros aprovados neste ano, mas chamou pouco mais de 200 profissionais. “Estou bem próxima de ser nomeada, o governo não tem noção o quanto ele afeta os aprovados, quando diz que vai nomear e não nomeia”, desabafou Natália que integra a comissão de aprovados da Enfermagem no DF. 

“A gente vê diariamente denúncias dos usuário do SUS, o sofrimento com a falta de recursos humanos. E não podemos fazer nada, enquanto  aprovados”, acrescentou Natália. De acordo com informações do Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiro) o déficit de profissionais apenas para os hospitais e postos de saúde da Capital chega a uma demanda de pelo menos 1000 enfermeiros. 

“A quantidade de nomeações de enfermeiros em 2023 ficou muito aquém da necessidade destes profissionais nos hospitais. Demais unidades de saúde do DF foram nomeados um pouco mais de 200 enfermeiros, um número insuficiente para ofertar um serviço de qualidade para a população”, informou o presidente do SindEnfermeiro, Jorge Henrique, acrescentando: “Isso repercute na organização dos serviços, na falta de atendimento à população, nas longas filas de espera de consultas, exames procedimentos". 


Enfermeiros aprovados apontam falta de profissionais na rede pública / Divulgação

Além dessas, diversas outras categorias do GDF contam com aprovados que ficaram na expectativa de serem convocados esse ano, como os profissionais da Polícia Penal, do Departamento de Trânsito (Detran), da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon), da área de Políticas Públicas e Gestão Governamental, da Vigilância Sanitária, da Universidade do Distrito Federal (UnDF) e outros concursos da Secretaria de Saúde.

:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::

Edição: Márcia Silva