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Insegurança

Após morte de jovem em Curitiba, PM testará uso de câmeras corporais

Deputado Renato Freitas (PT) apresenta projeto para obrigatoriedade do uso das câmeras em policiais

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Manifestação pediu justiça após morte de jovem na CIC. Policiais mudam versões - Jessica Candal

A secretaria de Segurança do Paraná (Sesp) anunciou na segunda-feira (10) que irá alugar cerca de 300 câmeras corporais para uso da PM. As chamadas “bodycams” serão utilizadas nas fardas por um ano como teste. O anúncio ocorre em meio a críticas às forças de segurança pública após a morte do jovem Caio José Ferreira de Souza Lemes, estudante de 17 anos baleado pela Guarda Municipal de Curitiba (GM) no mês passado.

Caio morreu e, num primeiro momento, policiais diziam que portava uma faca de 25 centímetros num boné. Depois as versões foram mudando, e um dos policiais envolvidos chegou a dar depoimento de que o jovem apenas tinha se assustado e corrido, que estava desarmado e a faca foi plantada no local.

Por causa dessa ocorrência, no sábado (8), ato organizado pela família com apoio do deputado Estadual Renato Freitas (PT) promoveu uma caminhada na Boca Maldita, no centro de Curitiba, em defesa da vida e marcando o lançamento de abaixo-assinado para que o Congresso Nacional aprove o uso obrigatório de câmeras nas polícias militares estaduais. Freitas ainda apresentou na Assembleia Legislativa do Paraná projeto de lei parecida, chamada de Lei Caio José.

Impacto

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o uso das bodycams ajudou na produtividade das forças de segurança, com o crescimento de prisões em flagrante, apreensões de drogas, atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica. Só no estado de São Paulo, no último ano, a letalidade policial caiu cerca de 40%, de acordo com dados do próprio governo paulista.

No Paraná cerca de 488 pessoas foram mortas em confrontos com as polícias militar, civil e Guarda Municipal, crescimento de 26,2% acumulado nos últimos dois anos. Os dados são do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná.

Para o deputado Renato Freitas, o caso Caio José demonstra a necessidade das câmeras. “O assassinato de Caio demonstra a urgência da instalação de câmeras corporais em todas as polícias e guardas como medida de política pública permanente, e não a critério do governante de plantão”. O parlamentar ainda complementa que “a câmera corporal contribui com a apuração da verdade no julgamento de conflitos ligados às abordagens, assegurando os direitos tanto do cidadão abordado quanto do próprio agente de segurança, que terá a chance de demonstrar que os protocolos de operação policial foram seguidos”, sustenta.

Sesp testará câmeras

O secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, disse que, no estado, as câmaras serão avaliadas. ”Serão feitos testes para ver a viabilidade da aplicação no policiamento ostensivo, como aconteceu em outros estados. Isso vai colaborar para verificarmos a efetividade deste equipamento ou não”, afirmou.

Edição: Frédi Vasconcelos