Distrito Federal

Golpismo

Ex-secretário da SSP diz que Comando Militar do Planalto impediu ação no acampamento

Antecessor de Anderson Torres afirma que tentou realizar ações que foram interrompidas

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ex-secretário de Segurança Pública Júlio de Souza Danilo na CPI - Rinaldo Morelli/CLDF

Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos antidemocráticos nesta quinta-feira (23) o ex-secretário de Segurança Pública Júlio de Souza Danilo disse que não podia combater crimes no acampamento, por ser área militar. Segundo o ex-secretário, algumas tentativas de desmobilização do acampamento foram canceladas pelo próprio Comando Militar do Planalto, ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O general Dutra disse que não poderíamos desmontar o acampamento. Era uma área do Exército. Portanto, precisava haver essa cooperação e o GDF não poderia agir no local”, disse o ex-secretário que deixou o cargo no dia 1º de janeiro sendo substituído por Anderson Torres, hoje preso suspeita de omissão ou colaboração com os atos terroristas de 8 de janeiro “Por vezes, as operações que tentamos realizar ali foram interrompidas porque ele dizia que tinha recebido ordem para que não fosse realizada”, acrescentou.

De acordo com deputado Fábio Felix (PSOL) os atos foram planejados com antecedência e envolveu autoridades. "A linha do tempo hoje nos mostra que houve uma longa preparação desse grupo extremista, golpista, para efetivar atos extremos e tentativa de golpe de Estado nesse país”, disse Felix, acrescentando: “Essa CPI tem obrigação de investigar prevaricação por parte de autoridades públicas. Houve omissão, incitação e planejamento intelectual de altas autoridades da República”.

Ao responder o presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), sobre o fato de não ter havido prisões no dia dos atentados de 12 de dezembro ele disse que “a primeira missão era restituir a ordem pública” e que houve um atraso na atuação dos policiais porque não se tinha informações sobre o risco dos atos. “No dia seguinte, por determinação minha, foi realizada reunião na SSP, com Polícia Civil, Polícia Federal e Polícia Militar para traçar um plano de responsabilização dos envolvidos”, justificou, destacando que a operação resultou em prisões após alguns dias”, acrescentou.

Na semana passada, a CPI ouviu o ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, que também está preso suspeito de colaboração ou omissão com os atos. Também já foram ouvidos pela CPI o ex-secretário executivo da SSP/DF Fernando de Sousa Oliveira e a a ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), Marília Ferreira Alencar.

Os deputados membros da CPI aprovaram requerimento para convidar o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto a prestar depoimento sobre os atos.Os parlamentares também aprovaram convite para oitiva do atual ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) Marco Edson Gonçalves Dias, conhecido como general G. Dias.

Participaram da reunião com votos favoráveis às decisões os deputados Chico Vigilante (PT); Hermeto (MDB); Jaqueline Silva (sem partido); Fábio Felix (PSOL); Pastor Daniel de Castro (PP) e Robério Negreiros (PSD).

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Edição: Flávia Quirino