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Coluna

Povo na rua, alegria popular e muita crítica na criatividade

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Imperatriz Leopodinense vendedora do carnaval 2023 do Rio de Janeiro exaltando a cultura nordestina. - Foto: Thiago Ribeiro
O carnaval deste ano ficará na memória dos corpos de um povo que sabe dançar, celebrar e brincar

Alguns artistas estavam caminhando de um bloquinho pro outro, indo do Setor Comercial Sul em direção ao Teatro Nacional, olhando para a Esplanada dos Ministérios, lembrando o dia que a alegria tomou posse. O receio de que algo de ruim poderia acontecer não impediu a maioria de ocupar as ruas. Pelo contrário, os caminhantes lembraram o tanto que a cidade estava alegre, do tanto que aquela esplanada imensa se encheu de gente sorridente em meio à arte e cultura espalhadas em diversos palcos.

Daquela lembrança sonharam o carnaval de Brasília ocupando ainda mais a cidade, com muitos palcos ao longo dos imensos gramados. Sem cerca e burocracia e cada vez mais brincadeiras e fantasias. O povo arteiro, que sabe que as histórias do teatro e do carnaval se confundem, desejaram ver teatros em todos os cantos, máscaras, pernas de pau, bonecos gigantes. Sonharam alto entre imensidão do céu e do gramado, a cidade tomada de gente, de brilhos e danças.

No carnaval podemos ver as identidades múltiplas da brasilidade de forma mais nítida e pulsante.

Por mais que os governos tentem organizar, o povo toma as ruas com caixas de som e muita dança. Brincam com quem passa e apostam fundo nas críticas sociais. Não tem como não se emocionar com a faixa imensa que se estendeu na avenida e alcançou tantas pessoas com a frase: “Haverá espetáculo mais lindo do que ter o que comer?”.

Depois de anos devastadores, o carnaval voltou mostrando ser esse bálsamo de manifestação criativa.

Arte potente que chega até nas pessoas que não saíram de casa com a repercussão das aulas que as Escolas de Samba dão na avenida. Aulas de tecnologias ancestrais com histórias do povo trabalhador que canta e dança suas lutas e amarguras. Aulas modernas em carros alegóricos e troca de roupas mágicas.

Nas mesmas paginas da história de uma grande vitória da classe trabalhadora que derrubou o fascismo do poder, estarão Lampião e Maria Bonita sendo relembrados e homenageados. É o povo brasileiro na rua cantando que vale a pena lutar e dançar!

Sabemos que ainda temos muito a caminhar em diversas esferas, das festas, dos direitos trabalhistas, dos direitos de moradia, de alimentação, educação, saúde e transporte. Mas o carnaval deste ano ficará na memória dos corpos de um povo que sabe dançar e celebrar, brincar e se abraçar para se fortalecer e alcançar novas conquistas.

Um salve à cultura popular! Salve ao Carnaval de rua! Aos brincantes, artistas e carnavalescos!

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*A Cia Burlesca é uma companhia de teatro político do Distrito Federal.

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato DF.

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Edição: Flávia Quirino