Distrito Federal

Racismo religioso

Após novo caso de intolerância, religiões de matriz africana fazem ato no DF

Estudante foi repreendida por usar colar de contas em escola militarizada

Brasil de Fato | Brasília (DF) | |
Casos de racismo religioso continuam em alta no DF
Casos de racismo religioso continuam em alta no DF - Marcelo Camargo / Agência Brasil

Mais uma caso de intolerância religiosa contra credos de matriz africana foi registrado essa semana no Distrito Federal. Na última segunda-feira (27), uma adolescente de 14 anos que estuda em uma escola cívico-militar de Sobradinho, norte do DF, foi barrada na escola por usar um fio de conta.

Adepta da Umbanda, a menina estava usando o símbolo religioso e foi repreendida por um policial militar que atua na unidade de ensino. O caso foi denunciado pelo sacerdote Leandro Mota Pereira, conhecido como Pai Leandro de Oxossi, que foi acionado pela vítima e foi até a escola conversar com a direção. Segundo ele, um dos policiais militares o destratou durante a reunião. 

Autor de uma lei que institui diretrizes para enfrentar o racismo religioso no DF, o deputado distrital Fábio Félix também repercutiu e denúncia, que está sendo acompanhada pelo mandato por meio da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Legislativa, presidida pelo parlamentar. "Sobradinho, escola militarizada por Ibaneis. Uma adolescente foi constrangida e interpelada a retirar o seu Fio de Conta. Nossa lei que combate a intolerância religiosa já está em vigor e estamos atuando no caso!", postou. 

Por causa desse caso, entidades religiosas farão uma caminhada contra o racismo religioso na próxima sexta-feira (3), com concentração a partir das 15h30, em frente à Loja Senzala (Quadra 05 CL 22 Loja 01), em Sobradinho. O trajeto da manifestação seguirá até a Escola Cívico Militar CED 3, onde houve o incidente contra a estudante.

"Essa caminhada é uma forma sobrevivente e democrática de conscientizar a população sobre a importância de combater o racismo religioso em todas as suas formas. Acreditamos que a união de todos em torno desse objetivo é essencial para construir uma sociedade mais justa e igualitária", afirma Luiz Alves, coordenador do Coletivo Defensores do Axé no DF. 

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Crime recorrente

Este já o segundo caso denunciado apenas este ano. No último dia 3 de fevereiro, uma pessoa foi vítima de xingamentos nas redes sociais por ser praticamente de religião de matriz africana, segundo denúncia em apuração pela CDH. A comissão também informa que no ano passado foram registradas outras sete denúncias do mesmo tipo de prática.

Os números oficiais do DF são ainda piores. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP/DF), em 2022 foram registradas 26 ocorrências policiais de discriminação religiosa em todo o Distrito Federal. Em 2021 foram 22 registros. A pasta não atualizou os números deste ano. No DF, a Polícia Civil possui um serviço especializado de atendimento e investigação desse tipo de crime.

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"A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) esclarece que o registro de naturezas criminais, envolvendo intolerância religiosa, pode ser feito em qualquer delegacia de área ou na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), que funciona de segunda a sexta, das 12h às 19h. Outro serviço disponível é o da Delegacia Eletrônica, que pode ser acessado pelo site da Polícia Civil", informa a corporação.

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Edição: Flávia Quirino