Distrito Federal

Educação

Especialistas falam sobre efeitos do bullying na vida de crianças e adolescentes

Confira as orientações para enfrentamento a este tipo de violência comum nos ambientes escolares

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Comunidade escolar precisa estar preparada para dialogar e lidar com o bullying - Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Com o início do ano letivo da rede pública de ensino do Distrito Federal pessoas responsáveis por crianças e adolescentes, professores e coordenadores precisam estar preparados para dialogar e lidar com um problema, o bullying. A palavra de origem inglesa, se refere à prática de atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um ou mais agressores contra uma vítima. 

Para a psicóloga Maria da Penha Oliveira, bullying são atos de violência e intimidação físico e psicológica que se repetem contra um estudante, geralmente em uma relação desigual e envolvem ofensas verbais, ameaças, humilhações e também ataques físicos. A prática é mais frequente em estudantes de 11 a 13 anos, quando o senso crítico está mais acentuado e uma necessidade de autoafirmação.

“Isso acontece, em parte, pela necessidade de autoafirmação da criança ou adolescente. Precisa de uma boa imagem de si mesmo, ou de querer ser mais popular, poderoso. Por outro lado, e acho que seja o mais importante para se olhar, diz respeito ao ambiente familiar e social da criança. Um ambiente desestabilizador, um clima de desrespeito e agressões, a falta de empatia, de respeito à diversidade são disparadores para a criança passar de vítima desse ambiente a opressor em outro ambiente", explica Maria da Penha.

Ainda segunda ela, o bullying afeta a criança de maneira devastadora. "Como é um momento de autoafirmação, as consequências psicológicas são baixa-autoestima, dificuldade de socialização, ansiedade, medo, às vezes chega a uma depressão”, aponta. 

Professora do Centro de Educação Infantil do Riacho Fundo II, Danielle Tereza de Jesus Silva, afirma que enfrenta situações de bullying entre alunos dentro da sala de aula como comentários maldosos sobre cabelo ou sobre questões físicas mas que percebe, ao mesmo tempo, que muitas vezes as próprias crianças não têm noção que aquilo é ofensivo ou errado. “O meu papel de mediadora é sempre ressaltar que todas as crianças são diferentes umas das outras e que devemos sempre respeitar as diferenças. Eu trabalho numa sala inclusiva, ou seja, com crianças com deficiência. Então, é um trabalho de conscientização diário”, comenta. 

No seu papel, Danielle também afirma que os professores devem estar sempre se atualizando sobre essas questões e que o Centro de Educação Infantil do Riacho Fundo II possui algumas ações de combate ao bullying. “Eu acredito que nós, enquanto professores, devemos sempre nos atualizar sobre essas questões. Estudar mesmo, a fundo. Devemos ser imparciais, não devemos colocar os nossos próprios valores, ou opiniões para ensinar o que as crianças precisam. Enquanto escola estamos sempre nos capacitando, aprimorando os nossos conhecimentos. A escola procura sempre também fazer encontro com as famílias para orientá-las sobre essas questões. Nós aprendemos com as crianças, as famílias aprendem com a escola, professores aprendem com as famílias, é um ciclo”.

Prevenção

De acordo com a Secretaria de Educação do Distrito Federal, existem algumas séries de ações que combatem essa violência, entre elas: atividades de capacitação com professores como oficinas, palestras e formações para o trabalho preventivo; parceria com a Secretaria de Saúde com o “Fluxo de encaminhamento de estudantes com demandas de saúde mental e/ou dificuldades no desenvolvimento e aprendizagem” para garantir a troca de informações entre as unidades escolares e as de saúde; orientação educacional em parceria com pedagogos e psicólogos escolares no serviço de apoio a essas escolas e o “Caderno Orientador de Convivência Escolar e Cultura de Paz” lançado em 2020 e aborda a temática do bullying, sendo suporte aos professores, gestores e demais atores escolares.

Como saber se a criança ou adolescente está sofrendo bullying?

Como orientações para responsáveis de crianças e adolescentes e escolas, a psicóloga Maria da Penha afirma que as escolas precisam trabalhar com a cultura da paz antes de se pensar em orientar o aluno, com atividades com ações educativas, de promoção e defesa dos direitos humanos, de respeito às diferenças e à diversidade.

É necessário também observar se a criança apresenta sinais de que sofre algum tipo de ameaça, como queda do rendimento escolar, as negativas de ir à escola, ansiedade, mudanças no sono e no apetite, apatia, insegurança, comportamentos que a criança não apresentava e de repente passam a existir. 

“A escola precisa ter claro esses conceitos, para que nenhuma criança seja afetada, pois o agressor, também é uma vítima do sistema. Não apenas culpabilizar a família, mas investir para desconstruir esse mal que alimenta preconceitos, racismos, todo tipo de discriminação. Dar espaço de fala, conversar e ter empatia, observar esses comportamentos, buscar entender o que está acontecendo, sem culpabilizar a criança, ou simplesmente pedir para enfrentar o agressor, mas apoiar e orientar em como reagir a essas agressões, por exemplo, se aliar ao seu professor ou monitor pedindo ajuda contra essas agressões. É preciso criar um clima de confiança entre a criança, escola e família”, conclui.

:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::

Edição: Flávia Quirino