Distrito Federal

Denúncia

Vigilantes denunciam falta de pagamento e paralisam atividades no Parque de Apoio da Saúde

Segundo denúncias, as empresas que prestam serviço à Secretaria de Saúde atrasam salários com frequência

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Vigilantes se reuniram em Assembleia do SINDESV-DF para discutir convenção coletiva e possibilidade de greve - Divulgação/Chico Vigilante

Vigilantes de hospitais do Governo do Distrito Federal denunciam falta de pagamento de salários por parte da empresa Ipanema Segurança LTDA. Além disso, a categoria discute possibilidade de greve, caso não haja acordo com o patronato em relação à convenção coletiva. 

Segundo funcionários da empresa, os pagamentos estão sendo feitos com atraso desde 2021. “Estamos sofrendo demais. Muitos pais de família que não sabem a quem recorrer, pois o GDF e a Secretaria de Saúde sabem e não tomam providências enquanto a mídia não expõe os fatos”, denunciou um trabalhador ao Brasil de Fato, que preferiu não ser identificado.

No dia 12 de janeiro, os vigilantes se reuniram em Assembleia do Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal (SINDESV-DF) para discutir a convenção coletiva da categoria. Os sindicalistas avaliaram a proposta enviada pelas empresas, que, segundo eles, é impraticável, pois altera “cláusulas inegociáveis e que foram fruto de luta ao longo da existência desta entidade”. 

Dentre as alterações propostas pelas empresas, estão o pagamento de seguro de vida somente em caso de morte em serviço; o trabalho intermitente, já rejeitado pela categoria anteriormente; e modificações nos planos de saúde dos vigilantes. 

Atualmente, o plano de saúde é gerido pelo Sindicato dos Vigilantes e conta com vários hospitais e clínicas credenciadas. "O Sindicato Patronal quer gerir o plano e escolheu uma operadora que tem apenas um hospital. Ou seja, inviável", explica Paulo Quadros, presidente do SINDESV-DF.

Além disso, a categoria se queixou de não ter sido apresentado, por parte das empresas, “o índice de reajuste no salário, no plano de saúde, no tíquete e demais cláusulas financeiras no valor reivindicado e aprovado pela categoria em Assembleia Geral”.

Para o deputado distrital Chico Vigilante (PT), que esteve presente na Assembleia, as propostas são um “absurdo”.  Vigilante afirmou que se não houver acordo com o patronato em relação à convenção, poderá ser feita, nos próximos meses, “a maior greve na história dos vigilantes do DF”.

“Não aceitaremos isso e vamos encaminhar um documento a todos os órgãos mostrando quem é que não está querendo fazer a convenção com os vigilantes. No momento oportuno poderemos fazer a maior greve na história dos vigilantes do Distrito Federal, pois estamos atentos para garantir os devidos direitos dos trabalhadores”, destacou.

Uma segunda reunião da categoria está prevista para o dia 25 de janeiro.

"Já fizemos greve para barrar o trabalho intermitente na Convenção Coletiva de Trabalho e se, necessário, faremos novamente, mas não podemos permitir essa jornada que beira a escravidão", evidencia Paulo Quadros.

Atraso recorrente

Em 13 de dezembro de 2022, os vigilantes que prestam serviço à Secretaria de Saúde do DF contratados pela empresa Ipanema paralisaram as atividades também por falta de pagamento dos salários e benefícios. Na época, além de algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS), os seguintes hospitais ficaram com o serviço de segurança privada paralisado: Planaltina, Sobradinho, HMIB, Guará, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia.

“Uma situação absurda que se repete praticamente todos os meses e, apesar das promessas de punição às empresas que atrasarem o pagamento dos vigilantes da Secretaria de Saúde do DF, elas não foram cumpridas e os atrasos continuam”, denunciou o SINDESV-DF na ocasião.

De acordo com o presidente do SINDESV-DF, o atraso no pagamento dos trabalhadores, além de ser uma situação recorrente, não acontece apenas com a empresa Ipanema.

"Outras empresas que também prestam serviço na Secretaria de Saúde do DF, atrasam salários praticamente todos os meses e só pagam mediante paralisações, negociações com o GDF ou ainda quando anunciamos que vamos paralisar as atividades. Aqui no DF, médicos e demais profissionais da saúde que trabalham em hospitais, postos, centros de saúde e upas, se recusam a trabalhar sem vigilante, dada a importância da atividade de segurança privada na defesa do patrimônio e na segurança desses profissionais. Então, são Ipanema, Visan, Brasília, Aval, dentre outras que atrasam constantemente salários e benefícios", conta. 

Ainda segundo Paulo Quadros, desde o dia 17 de janeiro, os vigilantes contratados pela empresa Visan que prestam serviço no Parque de Apoio da Saúde, localizado no Setor de Indústrias, paralisaram suas atividades por falta de pagamento de salários e benefícios, que deveria ter ocorrido no quinto dia útil do mês.

Posicionamento 

Procurada pelo Brasil de Fato DF, a Secretaria de Saúde informou que "não constam pendência financeiras com a referida empresa. Todos os pagamentos estão em dia".

O Brasil de Fato DF também entrou em contato com a empresa Ipanema Segurança LTDA para saber os motivos dos atrasos no pagamento de funcionários, mas ainda não obteve resposta.

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Edição: Flávia Quirino