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Aumento de 26% na passagem de ônibus revolta moradores do Entorno do DF

Medida foi anunciada pelo governo de Ibaneis Rocha (MDB) e já está em vigor

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Passagem para quem mora no Entorno do DF foi reajustada para quase R$ 10 - Joel Rodrigues/Agência Brasília

O Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Mobilidade e Transporte (Semob), anunciou no fim de semana um reajuste de até 26% nos valores da tarifas do transporte interestadual semiurbano da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride). São cerca de 400 linhas que cobrem as cidades goianas que ficam na região metropolitana da capital federal. Diariamente, mais de 175 mil passageiros usam essas linhas.

Confira os novos valores de viagens de cidades do DF para a região central de Brasília (Plano Piloto):

Planaltina de Goiás: de R$ 7,85 para R$ 9,80
Luziânia: de R$ 7,40 para R$ 9,25
Águas Lindas de Goiás: de R$ 7,80 para R$ 9,75
Novo Gama: de R$ 7,30 para 9,15
Cidade Ocidental: de R$ 6 para R$ 7,50;
Valparaíso de Goiás: de R$ 5,40 para R$ 6,75,
Santo Antônio do Descoberto: de R$ 7,30 para R$ 9,15
Padre Bernardo: de R$ 7 para R$ 8,75  

O aumento já está em vigor e tem revoltado moradores da região. Pela manhã, foram registrados bloqueios de estrada na rodovia que liga a cidade Planaltina de Goiás ao DF. A cidade passará a ter a passagem mais cara do Entorno, quase R$ 10 por viagem. 

A estudante Natasha Dias, de 20 anos, mora no Jardim Ingá, em Luziânia, e está revoltada com o aumento da passagem. Ela costuma usar o transporte diariamente. "É uma falta de vergonha do governo porque nem todo mundo tem condições de pagar esse valor de passagem. Em vez de ajudar a pessoas de baixa renda, estão prejudicando cada vez mais", protestou.


Moradores de Planaltina de Goiás chegaram a bloquear rodovia de acesso da cidade ao DF, na manhã desta segunda-feira (5), em protesto contra aumento da tarifa / Reprodução

A Semob justificou o aumento como forma de se evitar um colapso do sistema. "Os estudos técnicos desenvolvidos pela Semob concluíram que o reajuste das passagens é necessário para evitar o colapso do transporte do Entorno. O sistema é bancado somente pelos valores pagos pelos usuários, e as tarifas estão há quase dois anos (21 meses) sem reajustes. Nesse período, o custo operacional aumentou, conforme demonstram as planilhas de despesas das operadoras (diesel, pneus, peças, manutenção, despesas com pessoal etc.). Desde dezembro de 2020, o preço do combustível aumentou mais de 85%, por exemplo", citou a pasta.

Em fevereiro deste ano, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) havia autorizado o aumento de até 25% para as passagens desse tipo de serviço em outras regiões do país. A gestão do transporte coletivo da Ride foi concedida, em julho de 2021, para o governo do DF.

Em nota, a ANTT informou que o reajuste anunciado pelo GDF está em conformidade com a legislação. "Nos termos do Convênio, compete ao GDF, dentre outras atividades, definir a política tarifária e, por consequência, proceder ao reajuste de tarifas nos serviços regulados". 

Reações

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) usou as redes sociais para criticar o reajuste. Segundo ele, o estado vai entrar com uma ação na Justiça para suspender o aumento. "Sem consultar o Governo de Goiás e as prefeituras do Entorno do Distrito Federal, a Secretaria de Mobilidade do Distrito Federal (Semob) promoveu um reajuste de até 26% no preço das passagens de ônibus entre o DF e municípios do Entorno. Mas vamos acionar amanhã [hoje] o STF [Supremo Tribunal Federal] pedindo a suspensão imediata desse reajuste", escreveu o governador na tarde de ontem (4).

Caiado ainda destacou que o governo goiano questiona no STF a decisão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de conceder a regulamentação do transporte interestadual daquela região ao Governo do Distrito Federal. "Temos que promover um debate entre a União, os governos de Goiás e Distrito Federal, conjuntamente com as prefeituras do Entorno, e definir o porcentual de subsídio de cada ente para reduzir o valor da passagem, como fizemos na Região Metropolitana de Goiânia. Não podemos deixar cartéis ditarem a política tarifária do transporte público", propôs.

O deputado distrital Leandro Grass (PV) informou que fará questionamentos à Semob sobre os critérios adotados para este aumento. Ele também prometeu acionar órgãos de controle para analisar a medida.

"A gente vai tomar uma série de iniciativas para reverter esse aumento de passagem. A gente precisa repudiar a ação desse governo. As pessoas têm salários defasados, não têm reajuste de salário mínimo nem acesso a benefícios sociais e agora essa passagem a quase R$ 10 para trabalhar no Plano Piloto", afirmou o deputado distrital Fábio Félix (PSOL).  

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Edição: Flávia Quirino