Distrito Federal

Dezembro vermelho

HIV/Aids: como buscar atendimento na rede pública do Distrito Federal

De 2016 a 2020, mais de 5 mil casos da doença e infecção pelo vírus foram notificados na capital

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
No DF, 93% dos pacientes com HIV/Aids, em tratamento do antirretrovirais, tem carga viral considerada indetectável - Foto: Getty Images

Celebrado anualmente em 1º de dezembro, o Dia Mundial de Combate à Aids reforça as estratégias de prevenção e combate à infecção. Apesar de ter surgido, na década de 1980, como uma doença mortal, que logo virou uma epidemia planetária, atualmente a Aids, ou a infecção por HIV, são altamente tratáveis, graças aos avanços obtidos no desenvolvimento de medicamentos, conhecidos como antirretrovirais (ARV), e outros meios de prevenção e diagnóstico, que permitiram  intervir na cadeia de transmissão e reduzir número de novos infectados e a carga viral das pessoas com o vírus a níveis indetectáveis. 

Em 2020, no Distrito Federal, 93% das pessoas em tratamento com terapia antirretroviral (TARV) apresentaram carga viral abaixo de 50 cópias/mL, considerada indetectável pelos parâmetros nacionais. Entre 2016 e 2020, segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do DF, foram notificados 3.536 casos de infecção pelo HIV e 1.532 casos de Aids.

Nesse período, informa a pasta, observou-se uma tendência de redução do coeficiente de detecção de Aids por 100 mil habitantes, de 12,2 no ano de 2016, para 8,2 no ano de 2020. Em relação ao HIV, identificou-se tendência de estabilidade no mesmo período, apesar do leve crescimento da infecção em 2019.

O Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) registrou, no DF, 2016 a 2020, 526 óbitos tendo a Aids como causa básica. O coeficiente de mortalidade (por 100 mil habitantes) apresentou uma redução de 26,6%, passando de 3,9 em 2016 para 3,1 óbitos por 100 mil habitantes em 2020.

Referência internacional no combate ao HIV/Aids, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece uma rede de atenção no tratamento da infecção e da doença. No DF, existem oito unidades públicas especializadas, os Serviços de Atendimento Especializado em HIV/Aids (SAEs), que são centros de tratamento exclusivo para adultos, gestantes e crianças expostas ao HIV. São nesses locais que os pacientes são acompanhados e fazem o tratamento.

No SAE HIV/Aids, o paciente passa por consulta com médico especialista, que faz a prescrição do esquema terapêutico adequado a cada caso, seguindo os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas do Ministério da Saúde para o manejo da infecção pelo HIV em adultos ou em crianças e adolescentes. Em todos os SAE HIV/Aids há uma Unidade Dispensadora de Medicamentos Antirretrovirais (ARV).

Quando procurar atendimento

O usuário que realiza o teste de HIV nas unidades básicas de saúde ou no Núcleo de Testagem e Aconselhamento (NTA), na Rodoviária do Plano Piloto, e que tem um exame positivo e diagnóstico confirmado, será encaminhado para um SAE em HIV/Aids.

O NTA atende cerca de 50 pessoas por dia para realizar testes rápidos de HIV, hepatites B e C, além de sífilis. No local, também podem fazer exames de PCR para clamídia e gonorréia (ambos somente homens), e receber aconselhamento. O atendimento não é apenas para moradores do DF, mas também a população do Entorno, de outros estados e até do exterior.

Apesar de ser um espaço de referência, o NTA deixará de funcionar na Rodoviária do Plano Piloto, região central da cidade, e será transferida para a nova estrutura do Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin/SES), que fica na Asa Sul. A pasta informou "que não haverá prejuízo aos pacientes atendidos no local". A data da transferência não foi informada.  

O Hospital Dia também é serviço de referência no tratamento de HIV/Aids. Para isso, os pacientes devem ser encaminhados por algum profissional de saúde da atenção primária (UBSs), NTA e hospitais, quando ocorre diagnóstico em umas dessas unidades da rede.

Perfil epidemiológico

Os dados epidemiológicos dos casos de HIV/Aids no DF mostram que a infecção pelo vírus segue sendo mais predominante entre as pessoas de 20 a 29 anos, majoritariamente homens (com de cerca de seis casos masculinos para cada caso feminino), com exposição ao HIV por relações sexuais com outros homens. 

Já nos casos de Aids detectados, a faixa etária foi mais ampla, com diferença menor entre o sexo masculino e o feminino (razão de 4,5 homens para cada mulher), apontando indícios de que essas mulheres têm maior risco de diagnóstico tardio, principalmente as de menor escolaridade, de cor preta/parda e de maiores faixas etárias.

Há também aspectos relacionados à raça que mostram segmentos populacionais mais vulneráveis. Os casos de HIV entre pessoas que se declaram de cor parda representam uma proporção média de 42% do total, no balanço entre 2016 e 2020 no DF. Já entre gestantes, 56% das pessoas infectadas, no mesmo período, são pardas. 

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Edição: Flávia Quirino