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Quando chega a tal da "normalidade"?

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Bolsonaro, o presidente derrotado - YouTube
Ao que parece ainda vamos viver mais uns dias anormais sob o manto de Bolsonaro

Há quatro dias Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi confirmado como o vencedor das eleições para Presidente neste segundo turno das Eleições no Brasil, realizado no domingo (30). Lula obteve 50,9% dos votos válidos, o equivalente a 60.345.999 milhões de votos.

Com a vitória, Lula bateu alguns recordes, o candidato à presidência mais votado da história do país e o primeiro ex-presidente a assumir um terceiro mandato.

Por outro lado, a derrota de Bolsonaro, para além da derrota em si, também atingiu outros marcos, esta é a primeira vez, desde o início da redemocratização do país, que um Presidente da República tenta reeleição e não alça ao cargo. Após, o resultado das eleições Bolsonaro demorou cerca de 48 horas para fazer um pronunciamento público e oficial. O discurso de dois minutos, foi breve e raso, Bolsonaro não reconheceu a vitória de Lula, mas deixou à cargo do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a tarefa de dizer que fariam a transição de governo conforme determina a lei.

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O presidente falou no breve discurso sobre os bloqueios ilegais em rodovias e aglomerações de bolsonaristas que não reconhecem o resultado das eleições e pedem intervenção militar. Desde o domingo (30), golpistas berram para poucos que as eleições foram fraudadas e impedem, criminosamente, os fluxos de veículos nas rodovias. Mesmo com decisão do Supremo Tribunal Federal, a PRF tem agido de forma tímida para conter os bloqueios que desrespeitam a Constituição Federal e a sociedade brasileira. Em alguns estados do país, estas aglomerações tem contado com a conivência das polícias.

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Mesmo em uma disputa acirrada, com diferença de apenas 1,8% dos votos válidos, Bolsonaro não logrou êxito. Embora usando a máquina pública, incluindo o artifício empregado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que no domingo realizou blitz rodoviárias em várias regiões do Norte e Nordeste com o intuito velado de impedir que as pessoas pudessem exercer o direito ao voto, Bolsonaro saiu derrotado. Diversos vídeos e áudios circularam pelas redes sociais demonstrando a situação no interior dos estados com apreensão de motos, carros e ônibus. No Nordeste, Lula recebeu 69,34% dos votos válidos. Apesar de negar a intenção de favorecimento eleitoral, a ação da PRF não surtiu efeito no resultado eleitoral.

Essas eleições também foram marcadas pelo alto registro de denúncias de assédio eleitoral.

Dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) registraram, até 28 de outubro, 2.556 denúncias de assédio eleitoral, número 12 vezes maior que o indicado nas eleições de 2018, quando foram apontadas 212 denúncias. Empregadores atuaram incisivamente contra a liberdade constitucional do direito ao voto de trabalhadoras e trabalhadores.

Mesmo com a coação, com os bloqueios da PRF, com o anúncio de medidas eleitoreiras como a queda no preço da gasolina, ampliação do benefício de auxílio emergencial, dentre outros, Bolsonaro saiu derrotado.

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Chefes de estados, autoridades religiosas, políticas e personalidades já saudaram Lula pela vitória, não há de se esperar qualquer civilidade de Bolsonaro neste sentido. A eleição de Lula é um marco para todas as pessoas e setores da sociedade brasileira que lutam por direitos, por democracia, acesso à justiça, educação, saúde, cultura e se deu, nitidamente, pelo apoio militante de milhares de pessoas que foram às ruas na intenção de virar votos, de conversar, dialogar e convencer de que o projeto de país que precisamos não tolera e não aceita mais o fascismo como política de Estado.

Ao anunciar a vitória de Lula nas Eleições, no domingo, William Bonner apresentador da Rede Globo de Televisão anunciou que a sensação era de que o país estava voltando à normalidade. Mas parece que ainda vamos viver mais uns dias anormais sob o manto do governo bolsonarista e todas as suas ameaças. Mas falta pouco, são apenas 61 dias para que acabe e a esperança de novo renasça.

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*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. SInd. do ANDES-SN)

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Flávia Quirino