Paraná

Violência

Reduto bolsonarista, Foz do Iguaçu tem histórico de violência política

Guarda municipal Marcelo Arruda foi o caso mais recente; outros aconteceram em 2016 e 2018

Foz do Iguaçu (PR) |
Defensor ferrenho do uso de armas de fogo, Bolsonaro costumeiramente faz gesto de armas com as mãos - Carl de Souza/AFP

Era 16 de maio de 2016 e o antagonismo político no Brasil já ganhava o contorno extremista ao qual estamos submersos até hoje. Em meio ao processo de impeachment contra a então presidenta Dilma Rousseff (PT), o estudante haitiano Getho Mondesi foi espancado por um grupo de pessoas no centro de Foz do Iguaçu (PR).

Matriculado na Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA), Mondesi apanhou enquanto era hostilizado com insultos racistas, xenófobos e de cunho político.

"Vai embora pro seu país, seu preto. Quando a Dilma cair e o PT for eliminado, você vai ser chutado daqui", gritaram os agressores. As ofensas foram presenciadas por comerciantes e um taxista, que socorreu a vítima. Os autores não foram identificados e o caso terminou esquecido na cidade.

Pouco menos de dois anos depois, no dia 26 março de 2018, já após a queda de Dilma Rousseff e diante da ascensão da extrema direita no país, Foz do Iguaçu voltou a ser palco de extremismo político.

À época, a Polícia Militar do Paraná usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de manifestantes contrários ao ex-presidente Lula, que visitava a cidade. Os bolsonaristas furaram um bloqueio da PM de cerca de 300 metros de distância e se aproximaram da área onde estavam apoiadores do petista para arremessar ovos e pedras.

O evento foi realizado no Sindicato dos Eletricitários de Foz do Iguaçu e integrava a caravana de Lula pelo Sul do país. O conflito direto entre bolsonaristas e petistas só foi evitado porque lideranças do PT fecharam os portões de acesso ao sindicato.

Os apoiadores de Bolsonaro passaram, então, a lançar pedras contra a sede do sindicato. O grupo só foi disperso após intervenção do batalhão de choque da PM-PR. Ninguém foi preso.

No dia seguinte, 27 de março, o ônibus da Caravana Lula foi atingido por tiros em Laranjeiras do Sul. Passados quatro anos da ocorrência, os responsáveis não foram identificados e a investigação sobre o atentado não foi concluída.

"Eleição não é campo de guerra"

Diante do assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz, Marcelo Arruda, no sábado (9), as luzes vermelhas foram acesas dentro do partido. Na segunda (11), a cúpula petista encaminhou ao TSE requerimento cobrando dispositivos institucionais que evitem a escalada da violência nas eleições de 2022.

"O TSE precisa fazer uma campanha alertando para a violência política. Eleição não é um campo de guerra, onde você elimina o adversário, eleição você debate propostas", pontuou a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann.

Ela destaca que é preciso criar "contrapontos", em especial, às falas de Jair Bolsonaro (PL). "Isso tem nome e tem endereço: é o movimento deflagrado por Jair Bolsonaro. É o movimento do ódio, da eliminação. Ele dá as mensagens nas suas lives, pelos seus atos, ele invoca essas pessoas que o apoiam e acabam praticando atos como este", finalizou.

Edição: Lia Bianchini