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Cuba segue resistente e não se curva ao Imperialismo

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"O povo cubano não se ilude com esse suposto afrouxamento do bloqueio econômico". - Foto: Ricardo Haesbaert/Associação Cultural José Martí do RS
Os imperialistas pensavam que Cuba cairia em suas mãos como uma “fruta madura”

Nos últimos vinte anos, há uma variação da tática imperialista em relação à Ilha, ora apertando o bloqueio econômico, ora afrouxando-o levemente, dentro da tática da “guerra hibrida” contra a Revolução Cubana

São mais de sessenta anos de impiedoso bloqueio econômico contra Cuba, desfechado pela fúria do imperialismo dos EUA logo que a Revolução mostrou sua clara inclinação socialista ao implantar a reforma agrária na Ilha, bem como estatizar os serviços e meios de produção essenciais ao país, sistema bancário, etc.

Ao longo dos primeiros quarenta anos, os imperialistas sediados nos EUA tentaram inúmeras medidas para sufocar a Revolução Cubana, incluída a tentativa de assassinar seu dirigente maior: Fidel Castro.

Quando a União Soviética foi desconstruída, os imperialistas pensavam que Cuba cairia em suas mãos como uma “fruta madura” (tese defendida pelo larvar imperialismo estadunidense já no século XIX), visto que, a partir de então, a Ilha estaria sob pressão não de um, mas de dois bloqueios, como qualificou Fidel Castro à época, ou seja, um duplo bloqueio econômico decorrente da queda de 75% do comércio exterior de Cuba, consequência das turbulências do Leste Europeu, onde Cuba concentrava a maior parte do seu comercio exterior.

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A partir do presente milênio, os yankes passaram a variar na tática para sufocar a revolução. Na lógica da “guerra hibrida”, ora adota-se medidas duras e criminosas contra o povo cubano, com proibição até de exportação de remédios para a Ilha, ora aprovando planos de “ajuda” a ONGs e fomento a ações de movimentos contrários à direção revolucionária e ao Socialismo.

No final de 2015, Obama assinou o reatamento de relações diplomáticas dos EUA com a Ilha e, no início de 2016, visitou Cuba onde foi oferecer “vantagens tecnológicas” para a Ilha, em troca da adoção do “modelo estadunidense de democracia”, modelo este que eles (os imperialistas e seus sabujos) creem “universal”. Claro que Raul Castro, na direção do país à época, rechaçou a ingerência “neo-imperialista” nos assuntos internos de Cuba.

Veio Donald Trump, eleito ao final de 2016, que assinou - fazendo média com os contra-revolucionários cubanos radicados nos EUA - mais 250 medidas de ampliação do bloqueio econômico contra Cuba.

Agora, com Biden, o torniquete do bloqueio afrouxou alguns milímetros, favorecendo o restabelecimento de voos comerciais, facilitando a remessa legal de dólares, limitada a mil dólares por trimestre, e promovendo o fomento ao setor privado cubano, ONGs, empresários, autônomos etc.

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O povo cubano não se ilude com esse suposto afrouxamento do bloqueio econômico. O bloqueio, por seu caráter extraterritorial, atenta contra todos os princípios do direito internacional que a burguesia internacional tanto preza para manter o controle do comercio mundial.

Mas agora, com a perda da hegemonia do imperialismo no mundo, nos marcos da derrota política e militar dos neonazistas baseados na Ucrânia e apoiados pela OTAN, pelos EUA e pela União Europeia, emerge um novo eixo econômico e político mundial, coordenado por Rússia e China, onde sobressaem diversas articulações, blocos econômicos a partir da Asia, mas com extensão para todo o mundo, incluindo a América Latina, onde o BRICS tem um imenso potencial, bem como a Rota da Seda organizada pela China.

Cuba, sob cerco do bloqueio imperialista, vinculou-se à Associação Econômica Euroasiática como forma de enfrentar os gravames do bloqueio econômico, mediante as alternativas que Rússia e China vem construindo, haja vista o sistema de pagamentos alternativo ao SWIFT (controlado pelos imperialistas).

Novas articulações econômicas e políticas se insinuam claramente pelo mundo, fora dos domínicos imperialistas. E isso é ótimo para a Asia, a África e a América Latina, e também um alento para Cuba e a Revolução Cubana, que seguirá combatendo o bloqueio com o apoio dos povos do mundo, recorrendo a essas novas engenharias não-imperialistas que surgem no cenário mundial econômico e geo-político.

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*Afonso Magalhães é economista e dirigente da Central de Movimentos Populares (CMP-DF)

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Flávia Quirino