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A diversidade cultural do São João maranhense vai além do bumba meu boi

Na capital maranhense, o São João já acendeu as fogueiras com as prévias juninas de shows de Tambor de Crioula e Cacuriá

Brasil de Fato | Recife, PE |
O cacuriá de Dona Teté é um dos grupos mais tradicionais do São João maranhense - Antônio Martins/ Governo do Maranhão

A maior festa popular do Maranhão está chegando e já começa a movimentar a capital, São Luís. Apesar de ser o mais famoso, o bumba meu boi não é a única estrela dessa festa, que em sua diversidade cultural traz várias danças e brincadeiras, entre elas o tambor de crioula e o cacuriá.



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Cacuriá

O cacuriá é uma dança de roda com batuques e cantorias. Dançado aos pares, é uma das danças típicas do São João do Maranhão e tem como maior representante o grupo Cacuriá de Dona Teté, fundado em 1986 como parte das festividades do divino Espírito Santo.

Dona Teté faleceu em 2011, vítima de um AVC, mas seu legado permanece vivo por meio das novas gerações e o grupo já completa 36 anos. “Eu conheci essa manifestação através dos meus pais, que são fundadores dessa manifestação juntamente com dona Teté. Isso para mim é muito importante. Participar do Cacuriá de Dona Teté é muito importante porque isso fortalece a minha identidade cultural”, destaca a artista Luana Reis, que dança no Cacuriá de Dona Teté há mais de 20 anos.

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Tambor de Crioula

Outra manifestação típica que aquece o São João maranhense é marcada pelas saias rodadas e fortes batidas de tambores, aquecidos em fogueiras durante as festas. Patrimônio cultural do Brasil, o tambor de crioula tem origem africana e é praticado nos terreiros e comunidades quilombolas, animando desde festas de aniversário até homenagens religiosas.  

“As comunidades, as sedes, os grupos realizam o tambor de crioula ao longo do ano inteiro. Mas ele é marcante no Carnaval e no São João e a função dele no São João é mostrar essa diversidade.”, explica Neto de Azile, diretor da Casa do Tambor de Crioula, que acredita no papel político e social da festa. “Ele empodera o fazedor, mostra que as comunidades tradicionais que fazem o tambor de crioula, marcado no passado pela invisibilidade, pelo racismo e discriminação, hoje ocupam os grandes arraiais da cidade, fortalecendo uma identidade, contribuindo para a redução do racismo, e principalmente, trazendo para e espaços de poder uma prática milenar”, destaca.

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Depois de dois anos sem festas de rua, o São João do Maranhão já acendeu as fogueiras com as prévias juninas, no “Maranhão de reencontros”. O evento é organizado pelo Governo do Estado e acontece todos os domingos, na Concha Acústica da Lagoa da Jansen, em São Luís, até o final de maio. 
 

Edição: Vanessa Gonzaga