Na quarta-feira (4), o ponto de cultura Filhos do Quilombo, em Ceilândia, foi demolido em ação realizada pela Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do DF (DF Legal). De acordo com os coordenadores do espaço, a derrubada aconteceu sem qualquer aviso prévio.
“Não fomos avisados, nem notificados. Chegaram e derrubaram. Mesmo pedindo explicações, não falaram nada, foram embora sem apresentar nenhum tipo de informação ou papel”, relata o contramestre de capoeira, Thiago Dutra.
Conhecido como contramestre Lagartixa, o professor conta que o espaço, criado há 15 anos, oferece oficinas gratuitas para a população que se encontra em situação de vulnerabilidade social. Entre as atividades, são ofertadas aulas, para crianças, adolescentes e adultos, de capoeira, grafite, percussão, teatro e brincadeiras de tradição popular.
De acordo com Dutra, o espaço possui uma planta projetada pela Companhia Urbanizadora Da Nova Capital Do Brasil (Novacap), desde 2016, na qual destina a área para a construção da praça Filhos do Quilombo. Diante disso, ele se diz surpreso com a derrubada do espaço.
Ele informou que os responsáveis pelo ponto de cultura Filhos do Quilombo “estão tomando as providências contra esse ato de vandalismo da parte das autoridades DF Legal e Terracap”.
Nas redes sociais, artistas e movimentos sociais têm criticado a ação do governo do Distrito Federal e cobrado uma resposta “a mais um ataque à cultura da cidade”.
A representante do Levante Feminista do DF, Rita Andrade, escreveu que há 12 anos atrás viu “o terreiro de umbanda família ser derrubado dessa mesma forma. Hoje dia 3 de maio de 2022 o governo do DF passou com seus tratores em cima do espaço cultural Filhos Do Quilombo. Mais uma derrubada sem explicações ou comunicação do GDF e com tudo dentro, atabaques, berimbaus. Mais um ataque a cultura”.
Para Andrade, a demolição do espaço é resultado de um Estado racista, que segue “derrubando terreiros, casas históricas como a Casa da Dona Negrinha em Planaltina, e agora derrubou um quilombo urbano, que faz o que o governo deveria fazer que é atender a comunidade, atender aos jovens da periferia”.
Para denunciar a ação, movimentos culturais e populares promoveram uma manifestação em frente do espaço “contra esse ato de desrespeito com o trabalho que tem sido feito há anos com muito amor, cuidado e carinho” destaca o centro cultural.
A reportagem do Brasil de Fato entrou em contato com a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do DF (DF Legal) para obter informações sobre ação. No entanto, até a publicação desta matéria, não tivemos resposta.
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Edição: Flávia Quirino