Distrito Federal

Reforma Agrária

Fazendeiros continuam bloqueio à ocupação do MST no DF e impedem o acesso de alimentos

Área ocupada por trabalhadores rurais sem terra fica numa região de intensa especulação fundiária

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Nova reunião deve acontecer na tarde desta terça (3) com o GDF para exigir a entrada de alimentos em Ocupação do MST - Foto: Pedro Rafael Vilela

Após ter sido ocupada por cerca de 300 famílias, no último sábado (30), o acesso à área, localizada no Núcleo Rural do Rio Preto, região agrícola de Planaltina, foi bloqueado por fazendeiros da região. Com isso, as famílias sem terra estão sem acesso à água e comida. Muitos desses grileiros sublocam terra pública de forma irregular, de acordo com a legislação vigente, denuncia o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra.

:: MST denuncia ataque de grileiros em ocupação na região de Planaltina, no Distrito Federal ::

Na manhã desta terça-feira (3) aconteceu uma negociação na Ocupação Ana Primavesi para mediação do conflito, com a presença de dezenas de pessoas ligadas a organizações da sociedade civil, movimentos populares e parlamentares, entre estas pessoas a deputada federal Érica Kokay (PT-DF), o deputado federal João Daniel (PT-SE), além de Gabriel Magno, representando o mandato da deputada distrital Arlete Sampaio (PT-DF).

"A ideia é que a Terracap, que é a verdadeira dona dessas terras, que são públicas, disponibilize uma outra área para que as famílias sem-terra possam ficar acampadas de forma temporária, até ter o seu assentamento definitivo por meio de um programa de reforma agrária", informou a deputada Érika Kokay, após conversar com produtores rurais da região que bloquearam o acesso dos sem-terra.

Após intensa negociação, no final da manhã, os grileiros permitiram o acesso à água e leite, para as crianças, mas a entrada de comida continua proibida.

Na tarde desta terça-feira (3) acontece uma reunião entre a direção do MST DFE, parlamentares e o presidente da Terracap, Izidio Santos Junior.

"Eles continuam com a barreira e queremos que liberem verduras e hortaliças que os companheiros trouxeram e não deixam entrar. Tem muitas pessoas passando mal, com dor de cabeça, estamos com dificuldades aqui e a tensão tá muito grande. Queremos o direito de ir e vir garantido pela Constituição e também queremos que o Governo do Distrito Federal aponte uma área para assentar essas 300 famílias que estão lutando pelo seu direito à terra", enfatiza o dirigente estadual do MST, Marcio Heleno, que está na Ocupação.

Em Nota, o MST DF informou que mesmo após reunião na segunda-feira (2) com o GDF o acordo para que a Polícia Militar desobstruísse a entrada para que os alimentos cheguem à Ocupação, não foi cumprido. "Ao contrário, a milícia ali manda na polícia, e o governo fechou os olhos", diz trecho da nota.

Jornada de Lutas

A Ocupação Ana Primavesi faz parte da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária, que este ano traz o lema com o lema “Reforma Agrária Popular: por terra, teto e pão”.

O objetivo da ocupação, segundo o MST, é denunciar a crescente prática de especulação imobiliária por parte de grileiros no território e exigir a retomada da criação de novos assentamentos de Reforma Agrária no DF.

A reportagem do Brasil de Fato procurou a Terracap para se pronunciar sobre a situação, e aguarda um retorno.

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Edição: Flávia Quirino