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Coluna

Docentes em luta na campanha salarial unificada

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Ato “Ocupa Brasília!” foi realizado no dia 30 de março com a participação de caravanas de várias regiões do país - Ascom/ADUnB
Somente a mobilização e a pressão levarão o governo a dialogar sobre a reposição dos nossos direitos

A agenda pactuada entre as entidades integrantes do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais – Fonasefe para a Campanha Salarial Unificada de todas as categorias do serviço público (a docente representada pela ADUnB-S.Sind) foi bastante intensa em Brasília.

Entre os últimos dias 29 e 31 de março, a Jornada de Luta realizou uma série de ações reivindicando o reajuste salarial aos Servidores Públicos Federais (SPFs) não contemplados no Orçamento da União para 2022 – exceto para servidores das forças de segurança, nas quais o presidente Jair Bolsonaro (PL), de olho na reeleição, tem forte base eleitoral.

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O destaque foi o ato “Ocupa Brasília!”, realizado na quarta-feira (30), que contou com a participação de caravanas vindas das mais variadas regiões do país e também de parlamentares e partidos compromissados com o serviço público, seus servidores e servidoras, e com a população beneficiária de serviços tais como saúde e educação.

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Após uma caminhada até o Ministério da Economia, as pessoas participantes alternaram-se em falas destacando o direito da categoria ao reajuste salarial de 19,99% referente à perda inflacionária durante o governo Bolsonaro no período de 2019 a 2021. Na sequência, o grupo representante dos/as SPFs protocolou um ofício no Ministério solicitando antecipação da negociação proposta pelo governo para o dia 1º de abril, mas não foi atendido.

Na sexta, 1º de abril, entidades do Fonasefe que representam o conjunto de servidores públicos federais foram ao Ministério da Economia, mas ouviram discurso "mais do mesmo" do governo. Greve e mobilizações podem se intensificar nas próximas para debater sobre os próximos passos que deverão ser dados em busca de uma reposição emergencial de 19,99%.

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A ADUnB-S.Sind. convoca os/as docentes da UnB a juntarem-se a nós e aos colegas das demais categorias do serviço público, pois somente a mobilização e a pressão levarão o governo a abrir-se para o diálogo necessário à reposição de nossos direitos.

As verbas e o verbo do MEC

No dia 28 de março, pressionado por aliados políticos de Bolsonaro e até por lideranças evangélicas, o ministro pastor Milton Ribeiro, do Ministério da Educação (MEC), pediu exoneração devido às gravações obtidas pelo jornal Folha de São Paulo revelando que favorecia outros pastores evangélicos em um esquema clandestino de liberação de verbas da educação para prefeituras em troca de favores, em dinheiro e até em ouro, para a construção de templos religiosos.

Ribeiro foi o quarto escolhido de Bolsonaro a ocupar o MEC, e tal como seus antecessores demonstrou total despreparo técnico para a função e absoluta lealdade ao projeto de seu chefe de destruir a educação pública brasileira, chegando a declarar que universidade pública não deveria ser para todos e tentar acesso prévio às questões do ENEM.

Além disso, demonstrou preconceito contra crianças com deficiência, dizendo que não deveriam frequentar as mesmas escolas que as demais, e é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por crime de homofobia.

Como no MEC sob Bolsonaro o verbo regente não é mudar, mas trocar, o ministro interino, Victor Godoy Veiga, foi escolhido por Milton Ribeiro para assumir a secretaria-executiva da pasta por uma razão específica: blindar a Universidade Filadélfia (UniFil), de uma investigação, pela Polícia Federal, por crime de fraude no Enade – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Particular, a universidade é ligada à Igreja Presbiteriana Central de Londrina, tendo por reitor um irmão do pastor Osni Ferreira.

Trocar, definitivamente, não é mudar.

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*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. SInd. do ANDES-SN)

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Flávia Quirino