Distrito Federal

Reconhecimento

UnB aprova título de Honoris Causa para a filósofa e escritora Sueli Carneiro 

É primeira vez que uma mulher negra recebe este título da universidade

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Pela primeira vez, uma mulher negra recebe o mais importante título concedido pela Universidade de Brasília (UnB) - Andre Seiti/Divulgação

Por aclamação, o Conselho Universitário (Consuni) da Universidade de Brasília (UnB) aprovou a concessão do título de Doutor Honoris Causa à filósofa e escritora Sueli Carneiro, uma das principais pensadoras do feminismo negro brasileiro, ativista do movimento antirracista e defensora dos direitos humanos. A reunião virtual ocorreu na última sexta-feira (18).

O reconhecimento é concedido a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. É a primeira primeira vez na história da UnB que uma mulher negra vai receber este título. 

A titulação foi proposta pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) da UnB, após a submissão do memorial de Sueli Carneiro pelos professores Wanderson Flor e Vanessa de Castro.

“Com esse gesto, a UnB dá mais uma demonstração de reconhecimento do valor da diversidade para a construção do conhecimento e de seu empenho no combate ao racismo. Eu me orgulho da decisão tomada pelo Consuni. Fará parte das comemorações dos 60 anos da Universidade”, afirmou a reitora Márcia Abrahão. No ano passado, a UnB havia aprovado o mesmo título ao ambientalista e líder indígena Ailton Krenak.

Cotas raciais

Em Brasília, Sueli Carneiro se destacou quando o Supremo Tribunal Federal (STF) discutiu a constitucionalidade do sistema de reserva de vagas para o ingresso de estudantes negros e negras e indígenas na UnB, em 2012. Na ocasião, ela falou em defesa das cotas, da democracia, da igualdade e da justiça social. Segundo a UnB, a filósofa também auxiliou na construção epistemológica do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania da universidade.
 
“As muitas gerações de estudantes negras e negros nas universidades que nelas ingressaram por meio de políticas afirmativas encontram em Sueli Carneiro um exemplo de pensamento rigoroso e comprometido com a construção de um mundo mais plural e mais acolhedor; e toda a sociedade brasileira, em seus anseios democráticos e cidadãos, se beneficiam da generosa atuação”, escreveu a professora Danusa Marques, do Instituto de Ciência Política, em seu parecer que recomenda a aprovação do título. 

Trajetória intelectual

Sueli Carneiro é fundadora e diretora do Geledés – Instituto da Mulher Negra e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Nos últimos 20 anos recebeu diversas honrarias, entre elas o Prêmio Bertha Lutz, menção honrosa no Prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth, Prêmio de Direitos Humanos da República Francesa, Prêmio Benedito Galvão, Prêmio Itaú Cultural 30 anos e o Prêmio Especial Vladimir Herzog. Tem um selo editorial que leva o seu nome, criado pela filósofa Djamila Ribeiro. 

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Edição: Flávia Quirino