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8 de março: mulheres, educação e saúde

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Data celebra conquistas e luta por direitos das mulheres - Foto: Vanessa Tutti
Unidas, nos encontraremos nas ruas, em luta.

Amanhã, 8 de Março, é o Dia Internacional das Mulheres. É uma data para celebrar as conquistas históricas das mulheres, bem como para mobilizar e unir ainda mais mulheres em muitas outras lutas, tais como pela igualdade de direitos civis e trabalhistas, contra o machismo, a violência de gênero, o racismo e a pobreza.

Na questão da violência de gênero, por exemplo, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2021, revelam a urgência dessas lutas:

- 30% das mulheres que estiveram em um relacionamento relatam ter sofrido alguma forma de violência física e/ou sexual na vida por parte de seu parceiro;

- 20% dessas mulheres relatam terem sido vítimas de violência sexual na infância;

- 42% das mulheres vítimas de seus parceiros relatam lesões como consequência da violência sofrida.

Na desigualdade de direitos, os números são igualmente impressionantes, como mostraremos nos dois segmentos profissionais em que as mulheres são predominantes: educação e saúde.

Mulheres na educação

Diariamente, no ambiente de trabalho, as mulheres enfrentam desigualdade salarial e de direitos, além de assédio (moral e/ou sexual) praticado por chefias ocupadas por homens, ainda que estes sejam minoria no segmento.

Dados do Censo da Educação Básica de 2017 revelam que as mulheres formam 81% do professorado na educação básica brasileira, segmento na qual são vistas mais como “cuidadoras” do que educadoras, criando um preconceito que tanto minimiza a importância de seu trabalho quanto prejudica a conquista de direitos.

Nos demais segmentos da educação não é muito diferente.

À medida em que as mulheres progridem em suas carreiras acadêmicas, tal progresso não se replica no universo profissional: no Brasil, a cada quatro pesquisadores seniores, apenas uma é mulher. Fatores como maternidade e divisão insuficiente, ou mesmo inexistente, das tarefas domésticas incidem diretamente no equilíbrio de vida profissional e pessoal para as mulheres, mas não para os homens, e a situação se agravou ainda mais com a pandemia da covid-19.

Logo no início da pandemia, entre março e abril de 2020, uma pesquisa realizada pelo Instituto Península, “Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil”, apontou o impacto do fechamento das escolas na rotina das mulheres docentes (60% da amostra): com o trabalho remoto, 70% passaram a dedicar ainda mais tempo à vida familiar (atenção aos filhos, tarefas domésticas etc); 67% declararam-se “ansiosas”, 35%, “sobrecarregadas”, e 27%, “frustradas”. Em novembro do mesmo ano, 53% das pesquisadas alegaram cansaço pela sobrecarga de afazeres profissionais e pessoais/familiares.

Isso, reiterando, nos primeiros meses da pandemia. Imaginemos a situação hoje, com dois anos dessa rotina.

Mulheres na Saúde

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que as mulheres representam 65% dos mais de seis milhões de profissionais atuantes no setor público e privado da saúde tanto nas atividades diretas de assistência em hospitais quanto na Atenção Básica.

Na pandemia, o trabalho das mulheres no Sistema Único de Saúde (SUS) é predominante, e nas últimas três Mostras Brasil, Aqui Tem SUS, reunindo profissionais de todo país, dos 78 trabalhos premiados como melhores de cada estado, mais de 50 são de autoria de profissionais mulheres. 

Pesquisa realizada em 2020 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela protagonismo feminino majoritário também entre agentes comunitários de saúde (77,8%) e profissionais de enfermagem (85,2%).

Apesar dessa protagonismo, as mulheres têm muito menor participação em cargos de gestão, pesquisa e desenvolvimento, e mesmo entre médicos, segmento no qual, ainda segundo a pesquisa do Ipea, 47,7% são mulheres e 52,5%, homens.

Em seus 43 anos de história, a ADUnB – S. Sind sempre desafiou o patriarcado, lutando contra toda forma de desigualdade e violência, e assim seguirá, reafirmando que esta luta é de toda a sociedade, das mulheres e dos homens.

Porque a voz de uma mulher é a voz de todas as mulheres.

Porque juntas somos mais fortes.

Por isso, amanhã, unidas, nos encontraremos nas ruas, em luta.

*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. SInd. do ANDES-SN)

** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Flávia Quirino