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Coluna

A questão alimentar e o ano de 2022

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2022 não será um ano fácil, mas a organização popular será determinante. - Comunicação MTD
É tempo de luta para que o Estado efetive o direito precípuo que é o da alimentação.

Desde o primeiro dia do governo Bolsonaro, houve uma aceleração do desmantelamento das políticas sociais que garantiam em alguma medida a realização do Direito Humano à Alimentação a um conjunto mais amplo da população.

Vale lembrar que no dia 1º de janeiro de 2019, foi extinto o CONSEA e não parou por aí. 

O governo federal não mediu esforços no sentido de eliminar ou desmontar um conjunto de políticas constituídas em governos anteriores, principalmente nos governos do PT.

A voracidade e o empenho nesse esfacelamento, inclusive, nos fazem refletir em como as políticas sociais associadas aos sistemas alimentares são relativamente frágeis e dependentes do ânimo dos governantes em potencializá-las ou suprimi-las.

O próprio Bolsa Família, que ganhou um status no imaginário da população como uma “política de Estado”, foi extinto e transformado em um programa marcado pela descontinuidade e a incerteza orçamentária.

Em 2022 não será diferente e a fome e a insegurança alimentar devem aumentar.

Isso nos coloca o desafio de construir nesse ano alternativas e lutas populares que coloquem o debate do nosso sistema alimentar na ordem do dia, no sentido da construção da superação das novas e velhas determinantes da questão da fome e da insegurança alimentar.

É tempo de luta para que o Estado efetive o direito precípuo que é o da alimentação, de incidir junto aos candidatos de esquerda do executivo e do legislativo na elaboração do conteúdo programático de suas propostas para o próximo período. 

A construção desse conteúdo programático deve ter como centralidade o combate à fome e a insegurança alimentar, precisa significar, necessariamente, a construção de um arranjo de políticas intersetoriais que combinem políticas de caráter emergencial e de políticas que modifiquem estruturalmente o sistema alimentar.

Exige retomar experiências exitosas já realizadas no Brasil, assim como a construção de políticas inovadoras.

2022 não será um ano fácil, mas a organização popular e suas lutas associada à incidência na luta institucional serão determinantes para que consigamos avançar numa agenda que coloque as necessidades humanas em primeiro lugar. 

Avante, camaradas. 

* Olívio José da Silva Filho é gastrônomo, doutorando em Política Social pela Universidade de Brasília, militante do Levante Popular da Juventude e da Consulta Popular.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa  a linha do editorial  do jornal Brasil de Fato - DF.

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Edição: Márcia Silva