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Celebração à diversidade no Distrito Federal: festas que buscam a resistência

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Além do feminino, o evento pretende valorizar as culturas ancestrais de matriz africana. - Divulgação
A Festa das Yabás, que ocorre há três anos, tem por objetivo celebrar o feminino no terreiro.

“As Yabás são a força do feminino nas culturas tradicionais de terreiro, uma cultura matriarcal que depende diretamente da força das mulheres pra se manter. As Yabás pra mim são as forças que regem minha vida; é meu sagrado. Sou filha de Iemanjá e Oxum, ekedi de Iansã. Carrego comigo essas 3 Yabás e tenho o máximo respeito às demais." 

Stéffanie Oliveira, presidente do Instituto Rosa dos Ventos (Distrito Federal), instituição que organiza a festa, nos relatou durante uma entrevista nesta segunda. 

A Festa das Yabás, que ocorre há três anos, tem por objetivo celebrar o feminino no terreiro, ou seja, tanto as Orixás quanto as mulheres que constroem o terreiro no dia-a-dia. A celebração aconteceu nos últimos dois sábados (11/12 e 18/12). O primeiro se sucedeu no Espaço Renato Russo a partir das 14h, e contou com discussões sobre cultura e o feminino, como O Feminino Dentro das Culturas Populares. 

No segundo sábado (18/12), à partir das 8h da manhã na Praça dos Orixás, o objetivo era a divulgação da cultura afro-brasileira, por isso contaram com feiras de artesanato afro, feira gastronômica, além de um espaço para as crianças (Espaço Erê), e apresentações no palco, com roda de samba e diversas outras danças, o Cortejo das Yabás e até com o grupo musical Orquestra Alada Trovão da Mata. Desde o início da pandemia, este foi o primeiro evento presencial.  

Como a entrevistada enfatizou, em todos os eventos que realizam na Praça dos Orixás há uma parte religiosa e artística, sendo que a religiosa (cortejos e rodas sagradas) é organizada pelo Coletivo das Yalorixás do Distrito Federal, atualmente coordenadora por Mãe Baiana de Oyá e composta por Ya Cícera de Oxum, Ya Vicilene de Jagun e Ya Darilene de Airá. 

No entanto, este não é o único evento organizado pelos dois coletivos, que tem um calendário composto por três festas diferentes: São Batuque, que acontece em novembro e foi organizado na praça como ato de resistência após a primeira depredação da mesma em 2010, a Festa das Águas, que acontece dia dois de fevereiro, e a última que aqui compartilhamos, a Festa das Yabás.  

É importante dizer que o Festival de São Batuque ocorre há 15 anos com o intuito de celebrar as culturas populares de matrizes indígenas e africanas no Distrito Federal, porém apenas em 2010, com a depredação da Praça dos Orixás, é que o Festival se inseriu nesse espaço tão importante para a preservação do respeito à diversidade na capital do Brasil. Em 2021 o festival ocorreu virtualmente.

*Laís Vitória Cunha de Aguiar é Jornalista e Militante da Central de Movimentos Populares (CMP-DF)

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Márcia Silva