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Genocídio da população negra no governo Bolsonaro

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Eles querem um país que não pense em jovens negros. - Divulgação
Eles não querem um país que combata a morte de um jovem negro a cada 23 minutos.

Em 20 de novembro de 1965, Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, foi assassinado. Mas Zumbi nunca esteve sozinho, antes e depois dele vieram muitos.

 Ganga Zumba e sua mãe, a Princesa Aqualtune, Zacimba Gaba, fundadora do quilombo às margens do Riacho Doce (ES), Luiz Gama, advogado e jornalista baiano e Dandara, mulher negra que também liderava Palmares e lutava contra os ataques aos quilombos, e inspira até hoje gerações. 

Ainda hoje, 326 anos após o assassinato de Zumbi, é preciso rememorar a luta antirrascista e a história de Zumbi e Dandara dos Palmares, toda a resistência do povo negro, porque a verdade é que ainda vivemos em um país cuja violência e o preconceito racial, infelizmente, ainda são os principais fatores que determinam quem vive e quem morre, qual corpo merece ou não ter dignidade no país que aboliu, mas não deu direitos.

Muitos foram os avanços alcançados em mais de 10 anos do governo do PT. Com Lula, através da Lei nº 10.639 de 2003, o 20 de novembro foi reconhecido no calendário escolar como o Dia da Consciência Negra, luta histórica de militantes do movimento negro, em especial do Movimento Negro Unificado (MNU).

 Para a educação, essa lei foi fundamental, uma vez que estabelece a obrigatoriedade do ensino de "história e cultura afro-brasileira" dentro das disciplinas que já fazem parte das grades curriculares dos ensinos fundamental e médio. Já em 2011, no governo Dilma Rousseff, por meio da Lei nº 12.519, a data foi oficializada como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, como permanece até hoje.

Essas conquistas só se tornaram possíveis através de muita luta organizada dos movimentos sociais e sua certeira vontade em construir as políticas públicas e as ações afirmativas, estruturas que foram tão positivas que vem sendo constantemente atacadas desde o golpe de 2016, que culmina nas políticas genocidas e racistas de Jair Bolsonaro e seu Governo. 

Nunca esteve por baixo dos panos os verdadeiros pensamentos de Bolsonaro. Trocar vidas brasileiras por 1 dólar ele começou a fazer na pandemia, mas a elite política que o elegeu, destrói vidas negras brasileiras para encher seus bolsos com dinheiro de sangue a séculos.

Hoje no Brasil, os índices de desemprego, violência, pobreza, pouco acesso à educação, saúde, infraestrutura, entre muitos outros problemas estruturais, ainda atingem em massa a população negra. 

Isso se agrava quando vemos a extinção das políticas públicas afirmativas e as barbaridades que acontecem no dia a dia desse governo. 

O importante Programa Brasil Quilombola, um marco histórico no país, que buscava regularizar as terras quilombolas, assim como dar infraestrutura, qualidade de vida, desenvolvimento produtivo e cidadania aos quilombolas, foi praticamente extinto. Nenhum quilombo foi titularizado na gestão do atual governo. 

O Plano Juventude Viva que buscava mudar o triste cenário que no Brasil um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos foi deixado de lado. 

Na Fundação Palmares, Sérgio Camargo, além de assediar moralmente os servidores, tenta de todas as formas apagar as várias histórias de lutas, sucessos e resistências de personalidades negras. 

Retirando 27 importantes nomes de personalidades negras do marco de homenagem institucional da União. 

Foram retirados: Benedita da Silva, Elza Soares, Gilberto Gil, Leci Brandão, Marina Silva, Milton Nascimento, Paulo Paim, Sandra de Sá, Vovô do Ilê, Zezé Motta, dentre outras.

Na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR, que foi criada com status de Ministério, mais um militar desse desgoverno está à frente para destruir um legado de luta contra o racismo. 

No site da SEPPIR não encontramos mais os marcos legais, programas, políticas e ações da secretaria, o que demonstra a real política desse governo, de destruição e morte. 

Eles não querem um país que combata a morte de um jovem negro a cada 23 minutos, querem um país que não pense em jovens negros. 

Em 2022 a lei 12.711/12, de cotas raciais e sociais no ensino público superior Federal, completa 10 anos. 

E como definido na própria lei nesse período deveremos ter um processo de revisão da lei. Esse é um processo importante, os resultados dessa política precisam continuar. 

É preciso estampar para cada brasileiro o quão positivo são as políticas de cotas raciais e sociais. 

O que coloca na agenda de todo movimento social brasileiro a defesa da manutenção das cotas que estão cada vez mais ameaçadas por esse governo racista. 

Por isso, nesse mês de novembro reafirmamos que a luta contra o racismo não é apenas dos militantes do movimento negro e da população negra, é uma luta que todos nós temos que ajudar incessantemente. 

Temos uma dívida histórica com todo povo negro, os mais de 300 anos de escravidão jamais poderão ser repostos, mas podemos fazer o que a Princesa Isabel nunca pensou em fazer: um processo estrutural de uma grande reparação histórica ao povo negro. Porque para eliminar o racismo só com direitos e cidadania plena a toda população negra.

Lutemos ao lado do povo negro contra as discriminações raciais, trilhados pelo legado de Zumbi e Dandara dos Palmares, de Lélia Gonzalez, Luiza Barrios, de Marielle Franco, e de tantos outros heróis e heroínas do povo brasileiro na luta antirracista.

Nesse dia 20 de novembro vamos às ruas! Fora Bolsonaro, RACISTA!

* Gabriel Magno, é dirigente da CNTE e professor da rede pública do DF.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa  a linha do editorial  do jornal Brasil de Fato - DF.

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Edição: Márcia Silva