Distrito Federal

Covid-19

Volta às aulas: Flexibilização das restrições sanitárias pode reverter curvas atuais

Sem cuidados, “o retorno de aulas na modalidade 100% presencial traz um risco considerável”, afirma infectologista

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Volta às aulas foi decretada próxima do fim do ano letivo. - Foto: Tony Winston/Agência

No Distrito Federal, o retorno integral das aulas presenciais ainda é tema divergente entre o governo da cidade e profissionais da educação. O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) questiona a decisão do governador Ibaneis Rocha (MDB), que determinou a volta de 100% das atividades escolares com pouco mais de 30 dias para o fim do ano letivo.

Em nota, a entidade sindical destaca preocupação com a manutenção das medidas de segurança sanitária no retorno das aulas na modalidade presencial. Em assembleia virtual realizada na quinta (11), os professores decidiram decretar estado permanente de mobilização, tendo como principal pauta a defesa da vida.

O infectologista Bernardo Wittlin ressalta que a situação epidemiológica atual do país é positiva, com queda sustentada de casos, hospitalizações e mortes de um lado, e crescente cobertura vacinal de outro. No entanto, ele alerta que “há ainda o risco de que, num cenário de flexibilizações das restrições sanitárias e sociais, haja reversão das curvas atuais”.

Para Wittlin, o risco pode ser maior quando as flexibilizações são bruscas, “o que poderia redundar em repiques de casos em determinadas localidades. Isso vale para as comunidades escolares por ocasião do retorno às aulas presencias”, diz. “Devemos ressaltar que as crianças abaixo de 12 anos ainda não estão contempladas pelo plano de vacinação e que a cobertura entre adolescentes ainda é limitada, o que torna o espaço de socialização das escolas mais vulnerável”.

De acordo com o infectologista, enquanto a vacinação não alcançar a maior parte das crianças e adolescentes, deve-se seguir com formas de restrição e vigilância dentro do ambiente escolar. “Isso inclui menor número de alunos por sala, distanciamento físico, formato híbrido de ensino, entre outros. Ainda experimentamos um momento epidemiológico delicado, em busca de um equilíbrio igualmente delicado” acentua.

O Sinpro-DF informou que em reunião com representantes da Secretaria de Educação, “frente a uma postura intransigente do GDF”, conseguiu garantir que as salas de aula comportem apenas o número limite de estudantes, considerando o distanciamento de 1 metro entre eles, o que reduziria os riscos de contaminação da covid-19.

Wittlin salienta que há inegáveis prejuízos pedagógicos, psicológicos e sociais relacionados ao afastamento prolongado das crianças das escolas, por outro lado, há os impactos sobre a saúde decorrentes da pandemia. Contudo, se as instituições “não puderem garantir salas com números reduzidos de alunos e distanciamento, o retorno de aulas na modalidade 100% presencial traz um risco considerável” conclui o infectologista.

A Secretaria de Educação do DF comunicou em 4 de novembro, um dia após a retomada das aulas, que estava resolvendo questões de superlotação nas salas de aula e o excesso de matrículas em algumas escolas.

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Edição: Flávia Quirino