Cultura

Wagner Moura lança seu filme em assentamento: “É o momento de conexão entre Marighella e o MST”

Sessão foi acompanhada por 850 militantes do movimento em Prado, no sul da Bahia; onde o diretor plantou uma árvore

Brasil de Fato | Prado (BA) |

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Wagner Moura plantou uma muda de pau-brasil no assentamento do MST - Foto: Igor Carvalho

O Assentamento Jacy Rocha, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, no sul da Bahia, recebeu o lançamento de Marighella, produção inspirada na vida do guerrilheiro Carlos Marighella, neste sábado (6). Antes do evento, o diretor da obra, Wagner Moura, comparou a atuação o movimento com a luta o personagem principal de seu filme.

“O MST é um dos maiores movimentos sociais do mundo. Sobretudo nesse momento que o país passa, o MST é fundamental. Sempre tive profunda admiração pelo MST e sempre terei. Esse é um momento de conexão entre Marighella e o MST”, explicou Moura.

Presente na exibição do filme, a presidenta do PT, Gleisi Hoffman, relembrou os ataques contra o Assentamento Fábio Henrique, também em Prado, no dia 2 de novembro.

“Estamos aqui para prestar nossa solidariedade e fortalecer o movimento. Eu acho que eles sofreram o ataque justamente porque marcaram essa atividade aqui, tiveram a ousadia de trazer o Marighella para cá.”

Ainda de acordo com Hoffman, o movimento é responsável por transportar a luta do guerrilheiro para os dias atuais. “A grande ponte, é a coragem de lutar e ter uma causa definida. Marighella lutou contra a opressão, a ditadura, mas sobretudo pelo povo. O MST é a continuidade dessa luta, contra as injustiças do Brasil. A Reforma Agrária é importante para corrigir as injustiças do país.”

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João Paulo Rodrigues, da Direção Nacional do MST, celebrou a exibição do filme no assentamento. “Essa é uma noite de celebrar o encontro do povo quilombola, com o povo indígena, com o povo sem-terra. Esses povos não teriam lugar melhor para se encontrar do que nessa noite, nessa sessão, celebrando a vida de Marighella. Viva, Marighella.”

A família de Carlos Marighella também esteve no lançamento do filme. Seu filho, Carlos Marighella e a neta, Maria Marighella, que atua na produção, passaram o dia no assentamento.

Maria Marighella pediu que o movimento não sucumba aos ataques que tem sofrido. “É preciso não ter medo. O medo faz parte do fascismo, o medo é o alimento do fascismo e do capitalismo. O medo da saúde pública, faz as pessoas comprarem saúde privada; o medo do transporte público, uberiza a vida; e o medo da educação pública, privatiza a educação. O Marighella nos ensinava que a coragem deve ser o horizonte da vida.”

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Parte do elenco do filme esteve na exibição de "Marighella" no assentamento. Entre eles, o pastor Henrique Vieira. “O que está acontecendo hoje é simbólico e histórico. Esse é um filme para entrar na história do país. É a história de alguém que resistiu no passado, contado aqui, no MST, que é quem resiste hoje. É muito simbólico estar aqui”, finalizou o religioso.

No final do dia, Wagner Moura plantou uma muda de pau-brasil no Bosque Carlos Marighella, inaugurado neste sábado, com o plantio de duas mil árvores. A exibição do filme foi acompanhada por 850 pessoas.

Edição: Leandro Melito