Distrito Federal

Prevenção

No DF mais de 200 mulheres estão na fila para exame de mamografia

Até agosto deste ano foram registrados 853 internações por câncer de mama na rede de saúde.

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Instituto indica que o DF tem uma taxa estimada de 34,66 casos de câncer de mama para cada 100 mil mulheres. - Foto: Agência Brasília

Aos 39 anos, em um exame de rotina, a publicitária Eloisa Alves foi diagnosticada com câncer de mama. A confirmação da doença aconteceu em maio de 2020.  Mesmo ano em que o Distrito Federal registrou 1.299 internações por câncer de mama na rede de saúde, uma média de três diagnósticos por dia.

Com o resultado em mãos, ela conta que foi um momento de grande desespero e medo. Sem plano de saúde, a publicitária recorreu à rede pública de saúde e no Hospital de Base de Brasília deu início ao tratamento de radioterapia. Ela relata que, embora tenha sido acolhida pelos enfermeiros e médicos da unidade, os cuidados só foram possíveis devido à realização de exames na rede particular.

“Eu tive sorte, porque mesmo sem plano de saúde, meu pai me ajudou a pagar os exames, que são muito caros”, aponta.

De acordo com a Secretaria de Saúde do DF, no mês da campanha de prevenção ao câncer de mama, Outubro Rosa, a fila de espera para a realização de uma mamografia contava com 204 mulheres. Dessas, três estavam na classificação vermelha e 67 na amarela, que significam, respectivamente, emergência e urgência de atendimento.

Em 2021, até agosto, foram contabilizadas 853 internações por câncer de mama na rede de saúde do DF. A doença foi a causa do óbito de 256 pacientes em 2020, e 136 até setembro desse ano, o que representa uma morte a cada dois dias.

Informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que o Distrito Federal tem uma taxa estimada de 34,66 casos de neoplasia maligna da mama feminina para cada 100 mil mulheres.

O ginecologista e obstetra, Santiago França, ressalta que para reduzir a mortalidade do câncer de mama, primeira causa de morte por câncer na população feminina no Brasil, é necessário melhorar o acesso ao diagnóstico em até 60 dias, “desde a consulta na atenção básica, mamografia, ecografia, consulta médica especializada, biópsia e consulta médica para conclusão do diagnóstico”.

“Em suma, há necessidade de implementação efetiva das linhas de cuidado na rede de atenção oncológica, com pactuação dos fluxos entre os serviços para agilizar o acesso integral às mulheres, assegurados pelo SUS. Em geral, as mulheres demoram a buscar atendimento de prevenção ao câncer de mama, seja por desconhecimento (promoção da saúde) ou morosidade do sistema atual”, destaca.

Para França, é indiscutível que o diagnóstico precoce associado ao tratamento adequado “é por vezes menos agressivo no estágio inicial, sendo benéfico ao paciente em sua qualidade de vida”, diz. Ele defende a promoção de campanhas por parte do Estado que possam evitar doenças ou reduzir agravos.

No entanto, enfatiza a importância do “autoconhecimento de seu próprio corpo por parte da paciente, buscando ajuda especializada caso note qualquer sinal ou sintoma da doença”.

O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular. “Mas há tumores de consistência branda, globosos e bem definidos”, explica o ginecologista. Outros sintomas são edema cutâneo “semelhante a casca de laranja”, dor, inversão do mamilo, vermelhidão, descamação ou ulceração do mamilo, e secreção papilar, principalmente unilateral e espontânea. Podem aparecer, ainda, linfonodos palpáveis na axila.

Tratamento


Eloisa em tratamento de quimioterapia no Hospital de Base. / Arquivo Pessoal

Após dez meses do diagnóstico, em março de 2021, Eloisa Alves fez uma mastectomia, que consiste na retirada da mama.  Agora, aos 41 anos, faz acompanhamento trimestral e aguarda por uma cirurgia reparadora para a reconstrução da mama.

Ela precisa fazer uso contínuo de remédios para controlar os hormônios e auxiliar no processo de recuperação da cirurgia. Durante o tratamento, o remédio esteve em falta por duas vezes na rede pública. A falta de acesso à exames, sucateamento de equipamentos e restrição de remédios são potencializadores para que o número de internações e mortes aumentem na cidade.

Santiago França informa que um estudo recente do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) apontou que há cerca de 80% de defasamento tecnológico dos equipamentos médicos existentes no Brasil, ou seja, um “sucateamento progressivo, além de subaproveitamento dos poucos que existem e talvez insuficientes para a atual população que temos, haja visto o envelhecimento doa mesmos”, relata. Para ele, é papel do Estado facilitar o serviço de saúde de modo geral à população.

Atendimento

A Secretaria de Saúde informa que para realizar o exame, as mulheres devem procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência, onde no critério 1 será avaliada por um médico e solicitados os exames pertinentes ou no caso do critério 2, poderá ter sua mamografia solicitada por um médico ou enfermeiro da unidade.

Os exames podem ser realizados em qualquer mulher com alguma queixa mamária, independente da faixa etária, ou mulheres entre 50 a 69 anos de idade, sem queixas.

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Edição: Flávia Quirino